As cirurgias de redução de estômago cresceram 6,25% em 2015, em relação a 2014, segundo novo balanço da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). No ano passado, 93,5 mil pessoas foram submetidas ao procedimento, ante 88 mil em 2014. Além disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) ampliou, em janeiro deste ano, a indicação do procedimento.

Segundo o presidente da SBCBM, Josemberg Campos, além da relação óbvia com o avanço da obesidade no país, outros costumes adotados pelos brasileiros contribuem para o aumento do número de cirurgias bariátricas:

— O principal motivo provavelmente deve ser o aumento da própria doença. Mais da metade da população brasileira está acima do peso. O país está adquirindo hábitos de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, com uma maior quantidade de horas dedicadas ao trabalho, pouca atividade física e pouco lazer. O estresse contribui para a obesidade.

Campos diz ainda que o fato de a cirurgia ter entrado na lista obrigatória de procedimentos realizados pelos planos de saúde, após determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em 2011, também contribuiu para que, ano a ano, a bariátrica se tornasse mais conhecida e fosse mais indicada para os pacientes.

Avanços nas técnicas também contribuíram para o crescimento, observa Campos.

— Aumentou a segurança. Tem garantia de ter menor taxa de complicações, e o retorno (do paciente) às atividades é mais rápido. Também há bons resultados após a cirurgia, com o controle do peso e das doenças associadas em longo prazo.

Apesar do crescimento no ano passado, Campos diz que 2016 não deve superar 2015 em decorrência da crise:

— As pessoas perderam os planos de saúde.

Mas este ano deve ser promissor para a especialidade, que foi reconhecida como área de atuação médica no ano passado.

Novos critérios para a cirurgia pelo sus

O Conselho Federal de Medicina publicou, em janeiro deste ano, uma resolução com novas regras para a autorização da cirurgia de redução de estômago. O documento amplia o número de doenças que justificam a indicação de cirurgia para pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 e 40, além de exigir um pediatra na equipe multiprofissional para cirurgia em jovens entre 16 e 18 anos. O novo texto altera regras que estavam em vigor desde 2010.

Quais critérios foram alterados para a aprovação da cirurgia bariátrica?

A resolução acrescentou mais 21 doenças que podem levar a uma indicação de cirurgia bariátrica para pacientes com IMC a partir de 35, estabeleceu um regramento maior para a cirurgia em jovens entre 16 e 18 anos e determinou que a cirurgia em menores de 16 anos só é permitida em caráter experimental e dentro dos protocolos da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.

Quais doenças foram acrescentadas para justificar a cirurgia para pacientes com IMC entre 35 e 40?

Foram acrescentados infarto de miocárdio, angina, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral, hipertensão e fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonale e síndrome de hipoventilação, asma grave não controlada, hérnias discais, refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica, colecistopatia calculosa, pancreatites agudas de repetição, esteatose hepática, incontinência urinária de esforço na mulher, infertilidade masculina e feminina, disfunção erétil, síndrome dos ovários policísticos, veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática, estigmatização social e depressão.

Quais já estavam previstas e foram mantidas na atual resolução?

Comorbidades que ameacem a vida, tais como diabetes do tipo 2, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronária, osteo-artrites e outras. Foi importante especificar as doenças, porque elas, sabidamente, estão associadas à obesidade e não estavam previstas como potenciais indicadoras da realização da cirurgia bariátrica.

Qual foi a principal mudança para jovens com idade entre 16 e 18 anos?

Antes, estava estabelecido que jovens entre 16 e 18 anos poderiam fazer a cirurgia, desde que a relação entre riscos e benefícios fosse bem analisada. Agora, além das regras anteriores, aumentaram as exigências para o procedimento. Devem ser atendidas determinadas especificações, como a presença de um pediatra na equipe multiprofissional que faz o tratamento e a consolidação das cartilagens das epífises de crescimento dos punhos. A cirurgia em menores de 16 anos só será permitida em caráter experimental e dentro dos protocolos da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.