A área da saúde evoluiu muito desde Hipócrates. Doenças consideradas mortais, como a tuberculose e a varíola, foram erradicadas. Exames de imagem, diagnósticos e técnicas cirúrgicas foram inventados e aprimorados nos dois últimos séculos. O resultado desses avanços é a diminuição da mortalidade e o envelhecimento da população mundial.

Isso é ótimo, porém tem consequências de grande impacto político e econômico, desafiando os países ao redor do mundo: se de um lado as pessoas buscam se informar para garantir acesso aos melhores cuidados de saúde para assegurar longevidade e uma velhice saudável, há também maior pressão sobre as empresas e instituições de saúde para que prestem informações, serviços cada vez melhores, tornando, desta forma, a assistência médica pagável.

Para equalizar essa balança e tornar o cuidado em saúde sustentável, é preciso mudar a maneira de cuidar. E o primero movimento é deixar de oferecer um serviço centrado no hospital e nos profissionais de saúde e passar a focar no paciente.

Quem ainda não enxerga seu paciente como o centro do cuidado em saúde está atrasado. A tecnologia permitiu que as pessoas tivessem acesso mais fácil a conteúdos e a troca de experiências entre elas, sendo profissionais de saúde ou não. Isso faz com que a população queira transparência e compartilhamento na escolha e tomada de decisão.

Se antes o paciente era passivo, mero receptáculo de indicações de remédios, tratamentos e cuidados, hoje ele é ativo, ator principal no processo de manutenção ou recuperação de sua própria saúde.

E como hospitais, clínicas e laboratórios passam a se relacionar com os pacientes?

Quando mudamos o foco do hospital para o paciente, também precisamos deixar de pensar em “cuidado com a saúde” para pensar, simplesmente, em saúde ou cuidado da saúde.

É necessário oferecer conteúdos, dados e permitir a troca, ou seja, fazer com que o paciente dê feedbacks de sua situação, usar das tecnologias disponíveis para que essas informações bilateriais sejam armazenadas de forma adequada e disponibilizadas às equipes profissionais envolvidas, ao paciente e suas famílias para que se possa otimizar os tratamentos, reduzir reinternações e complicações, desenvolver novos medicamentos e métodos terapêuticos e assegurar esse envelhecimento cada vez mais saudável e com um custo acessível.

Essa percepção do paciente como ator jé é fato em diversos países do primeiro mundo, onde a saúde é cuidada por um time em que o paciente é parceiro de forma igualitária e dados são constantemente e abertamente trocados através de aplicativos ou sistemas de informática.

Agora é a hora das empresas brasileiras quebrarem as barreiras, incentivando a criação de uma nova arquitetura, de um novo sistema. É necessário medir valor, não volume, é preciso colocar o paciente como o centro da atenção, é fundamental que os médicos e as instituições aceitem que a internet e a tecnologia estão mudando a saúde e que comecem, então, a mudar a maneira como estão fazendo a saúde. Não há espaço para a saúde fragmentada, temos que, cada vez mais, caminhar para uma saúde conectada se preparando e estando atento à rapidez do digital e à inclusão dos pacientes na internet.