Ao longo da última semana, com a divulgação do total de beneficiários que deixaram os planos de saúde em 2016, na NAB, temos visto, nas redes sociais e em diversos sites e jornais, surgir a tese de que os planos mais acessíveis ou “populares” propostos pelo Ministério da Saúde seriam uma solução para “conter a debandada dos planos de saúde”.

É muito importante entender duas coisas: primeiro, não há “debandada”; depois, os planos mais acessíveis não são nem serão solução para que beneficiários não rompam o vínculo com a operadora, principalmente porque não foram pensados com esse objetivo.

Os planos “populares”, conforme já falamos aqui, são uma boa ideia que pode colaborar para que mais brasileiros alcancem o sonho de ter um plano de saúde; que, aliás, é o terceiro maior desejo do brasileiro. Contudo, é importante destacar que esses planos teriam outras características e cobertura mais restrita em relação aos planos vendidos hoje no mercado, não podendo ser considerados substitutos destes.

Uma das diferenças fundamentais é que os planos populares devem estimular a contratação de planos individuais, enquanto o mercado hoje está vivenciando, principalmente e como já apontamos anteriormente, a perda de vínculos coletivos empresariais (aqueles oferecidos pelas empresas aos seus colaboradores). Ou seja, enquanto a economia brasileira não se restabelecer minimamente e o saldo de trabalhadores com carteira assinada não para de apresentar quedas nos níveis atuais, devemos continuar a registrar reduções no total de planos de saúde.

Claro que a proposta de planos mais acessíveis, que nós apoiamos, é uma novidade no mercado brasileiro e, se for aprovada, poderá motivar alguns movimentos interessantes no mercado de saúde, inclusive com a migração de alguns planos do padrão atual para o novo modelo. Contudo, ainda é muito cedo para tentar prever quais serão esses movimentos e suas consequências para o mercado.