Os planos odontológicos cobrem 10% da população brasileira e contam com quase 5 mil produtos registrados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “São 22 milhões de beneficiários distribuídos em cerca de 16 milhões nos planos coletivos empresariais, 1,9 milhão no plano coletivo por adesão e 3,9 milhão no plano individual e familiar. Isso mostra o espaço que o setor ainda pode crescer mesmo com todas as dificuldades”, disse José Carlos Abrahão, diretor-presidente das ANS, durante o 11º Simpósio Internacional de Planos Odontológicos (Sinplo), realizado em São Paulo pelo Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo (Sinog).

Segundo o executivo, os desafios da odontologia não se separam da medicina. Um deles é a transição demográfica, que ao mesmo tempo em que foi um grande ganho para a sociedade veio acompanhada do despreparo para a sua velocidade, qualificação e treinamento dos profissionais quanto à estrutura dos serviços de saúde, além do financiamento.

As atenções devem se voltar também à discussão sobre o desperdício, que já atinge os planos médico-hospitalares: são realizados cerca de 700 mil exames na saúde suplementar e, estatisticamente, não só no Brasil, mais de 30% dos exames são feitos sem que os pacientes busquem o resultado.

Acessíveis e sustentáveis

Os contratos pessoa física ocupam uma fatia de aproximadamente 18% do mercado odontológico, que tem como grande questão ofertar um produto mais acessível à população e sustentável às operadoras. Um dos caminhos para se chegar ao produto ideal, na visão do diretor-presidente da ANS, é a reavaliação do marco regulatório na odontologia e no segmento médico-hospitalar não só pelo aumento de sobrevida da sociedade, mas por uma mudança de perfil que hoje é diferente de 16 anos atrás, quando houve a regulação.

“Dentro de um sistema de mutualismo e de avaliação de perfil epidemiológico, todo esse processo tem que ser reavaliado, inclusive o próprio produto odontológico, que ganhou um olhar diferente. Algumas dessas reavaliações poderão ser implementadas pelo órgão regulador e outras teremos que implementar através do próprio marco regulatório”, explicou.

“Acredito que esse setor só ira sobreviver e se desenvolver no momento em que houver integração, o desarme de todas as lideranças em prol do seu crescimento e mais do que isso, da sua sustentabilidade. Desde que eu cheguei à Agência, tenho pautado nossas orientações dentro de um tripé não só do diálogo e da agregação, mas da preocupação com o acesso aos serviços de saúde, da qualidade que temos que proporcionar dentro do atendimento realizado e, fundamentalmente, da sustentabilidade econômica, financeira e assistencial”, concluiu Abrahão.