Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), são 3.035.422 casos da COVID-19 no Brasil, sendo 101.049 óbitos acumulados até ontem (9). Nesse cenário, o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, alertou sobre o elevado nível de transmissão da doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) no país.

No dia 10/08, em coletiva de imprensa, o diretor de emergências da OMS afirmou: “O Brasil está sustentando um nível muito alto de epidemia. A curva [de transmissão] achatou um pouco, mas não está diminuindo”. Mesmo que os números de casos no Brasil cresçam cerca de 10% por semana, ainda se trata de uma média alta. Além disso, a quantidade de casos positivos entre as pessoas que são testadas para a COVID-19 está em torno de 20%, sendo que Ryan a considera “muito alta”.

“Muitos dos indicadores para o Brasil estão, realmente, apontando para transmissão comunitária contínua”, comentou o funcionário da OMS. Isso significa que o coronavírus segue sendo transmitido entre a população, sem necessidade de um fator externo. “O Brasil continua a ter entre 50 e 60 mil novos casos por dia. As UTIs ainda estão dando conta – e, de novo, é um crédito tremendo aos profissionais de saúde do Brasil; eles estão nisso há meses”, afirmou Ryan.

“A ocupação das UTIs em muitos lugares, agora, ultrapassa 80%, em alguns lugares, 90%. Qualquer pessoa que trabalhe em UTIs e em uma situação de doenças infecciosas reconhece a pressão e o estresse sobre essas pessoas e suas famílias. Sustentar isso por meses é uma tarefa quase impossível”, complementa.

 COVID-19 em números

Conforme detalhou o diretor de emergências da OMS, a taxa de transmissão da COVID-19, conhecida pelo símbolo R0, oscila entre 1,1 e 1,5 no país. Dessa forma, uma pessoa contaminada com o coronavírus o transmite, em média, para mais de uma outra. Por outro lado, o Brasil só deve controlar a disseminação da doença quando o R0 estiver abaixo de 1, ou seja, quando um doente não conseguir contaminar nenhum outro com a doença.


Com três milhões de casos, a transmissão do novo coronavírus segue no Brasil (Tabela: Reprodução/ Conass)

Entre os estados brasileiros, é São Paulo que registra os maiores números totais da COVID-19 desde a chegada do vírus no mês de fevereiro. Até ontem (9), eram 627 mil casos e 25 mil mortes acumuladas. No ranking nacional, o estado é seguido por: Bahia (193 mil casos e 3,9 mil mortes); Ceará (188 mil casos e 7,9 mil mortes); Rio de Janeiro (178 mil caso e 14 mil mortes); e Pará (167 mil casos e 5,8 mil mortes).

No mundo, o Brasil é a segunda maior nação em número de casos totais e óbitos da COVID-19. O país está atrás apenas dos Estados Unidos, com 5,2 milhões de casos confirmados e 165 mil mortes, segundo levantamento da plataforma Worldometer. Em terceiro lugar está a Índia, com 2,2 milhões de casos e 44 mil mortos, seguida pela Rússia, com 892 mil casos e 15 mil mortes. Em quinto lugar, está a África do Sul com 559 mil casos, sendo 10 mil mortes.

Desafios para o controle

Entre os desafios do controle de transmissões do novo coronavírus, Ryan destaca a dificuldade em se manter medidas sanitárias, como o uso de máscaras e o isolamento social, principalmente, entre as populações mais pobres. “É muito difícil, porém, para muitas, muitas pessoas no Brasil – muitas vivem em lugares superlotados e pobres, onde sustentar esse tipo de atividade é difícil”, afirmou.

“Você precisa empoderar as pessoas com atos, recursos, conhecimento. As comunidades não podem agir com as mãos atadas. Elas precisam receber os meios, os recursos, o conhecimento”, complementou o diretor de emergências da OMS sobre a necessidade de controle da epidemia da COVID-19, com foco em regiões com menos recursos.