O setor de planos de saúde pode encerrar o ano com 48,8 milhões de usuários, o que representa um aumento de 1 milhão de beneficiários em relação à base de fevereiro, que ficou em 47,8 milhões. A projeção é da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge).

A projeção acompanha a expansão surpreendente do setor no segundo semestre de 2020, quando foram registrados quase 1 milhão de novos usuários entre julho e dezembro, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Uma das explicações para esse movimento é o receio da população em perder o plano de saúde em plena pandemia. “Há um esforço das pessoas para não perder o plano de saúde nesse momento. Isso pode ser visto nas taxas de inadimplência mesmo com a crise econômica e o aumento do desemprego”, diz Renato Casarotti, novo presidente da Abramge.

Em fevereiro, a inadimplência do plano individual foi de 12% e do coletivo (empresarial e adesão) ficou em 5% – percentuais semelhantes aos de um ano antes quando os primeiros casos de covid-19 estavam sendo revelados no Brasil.

O aumento no número de novos usuários, no segundo semestre, ocorreu nas três modalidades de planos de saúde. No individual, a alta foi de 1,24%, no empresarial, 1,44% e no adesão, 2,31%. Essa última modalidade cresceu, em especial, pela migração de pessoas que perderam o emprego formal.

O que mais chama atenção é o desempenho dos planos empresariais, uma vez que houve aumento na taxa de desemprego. Na visão de especialistas isso pode ser explicado pelo crescimento dos convênios médicos PME (Pequenas e Médias Empresas). “Ao que me parece todas as operadoras acentuaram a venda dos planos PME que é de certa forma um tipo de varejo igual ao plano por adesão. Antes, nos planos PME havia um piso de cinco vidas, mas já faz um tempo que tem PME de duas vidas. Imagino que isso explique em boa parte o crescimento dos planos empresariais”, diz Luiz Feitoza, sócio da consultoria Arquitetos da Saúde.

“Essa projeção [de aumento de usuários neste ano] é baseada em estudos que realizamos com 14 setores de mão de obra intensiva, que são geradores de emprego”, diz Casarotti, advogado e diretor de relações institucionais da UnitedHealth Group Brasil, dona da Amil.

Para o executivo, o grande desafio atualmente é conciliar o repique nos casos de covid-19 e atender a demanda reprimida de procedimentos eletivos. O setor de planos tentou, recentemente, aprovar uma medida para cancelar os procedimentos não urgentes, como ocorreu no ano passado, mas a ANS não aprovou. Hoje há vários casos de pacientes com complicações de saúde por falta de tratamento ou diagnóstico tardio.