O uso de inovações tecnológicas aliado à necessidade de desenvolver um olhar mais atento e humano para o paciente foi o mote da terceira edição do Summit Saúde Brasil, evento realizado pelo Estado. “Os pacientes não querem ser pacientes, mas pessoas. Não querem ter um plano de saúde, mas saúde”, destacou na palestra de abertura Clay Johnston, o primeiro reitor da Dell Medical School, da Universidade do Texas, em Austin.

Para atender a essa mudança de paradigma, é necessário investir em interação, inovação e tecnologia, sem esquecer dos limites éticos, como destacaram os mais de 30 debatedores que participaram do evento de sexta-feira no Sheraton WTC. O futuro e como lidar com suas implicações foram temas recorrentes nos painéis que discutiram medicamentos inovadores, inteligência artificial e limites éticos.

Outros debates se voltaram para o presente, focando na sustentabilidade do atual sistema público e particular e no avanço das startups, que leva à necessidade de criação de parcerias. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, no Brasil, há 47,2 milhões de beneficiários em planos de assistência médica e 23,5 milhões de beneficiários em planos exclusivamente odontológicos. E todo esse público passa por novas demandas a serem atendidas.

Quando essas demandas não são satisfeitas, muitas vezes se chega à judicialização. E números trazidos pela Secretaria da Saúde paulista apontam para a existência de 92 tipos de fraudes apenas nessa área. “Já há cruzamento de dados em níveis federal, estadual e municipal, para que uma ação que tramita em uma esfera não seja feita em duplicidade. “Os sistemas, inclusive, cruzam os dados a cada dois meses para evitar que medicamentos sejam distribuídos após o falecimento de pacientes”, disse Renata Santos, especialista em judicialização do governo do Estado.

Outra preocupação estatal se refere ao advento de doenças já consideradas erradicadas, como sarampo e febre amarela. Nesse ponto, especialistas públicos e privados chegaram a um consenso: só a vacinação resolve.

Extras

Esta edição traz ainda material exclusivo, incluindo a pesquisa Ipsos que mostra a má imagem que o brasileiro ainda tem do setor de saúde, tanto público quanto privado. Quando questionados se recebem todos os cuidados médicos de que necessitam, só três em cada dez brasileiros (34%) concordaram. “A questão é que o brasileiro acredita que faz a parte dele, mas não recebe nada de volta”, avalia Fabrizio Rodrigues Maciel, líder da Service Line HealthCare na Ipsos.