Muito se fala sobre as mudanças hormonais que ocorrem no corpo da mulher durante o período de gestação, acarretando em alterações físicas e emocionais. O que a maioria das pessoas não sabe é que essas mudanças podem estar diretamente ligadas à saúde bucal. O aumento da produção de alguns hormônios, por exemplo, pode facilitar a inflamação da gengiva, principalmente quando já existe uma tendência a ter o problema.

A boca é uma importante porta de entrada de várias doenças, e não deve ser desassociada da saúde do organismo da mãe e do bebê. As gestantes portadoras de enfermidades gengivais têm maior propensão a dar à luz a bebês prematuros e abaixo do peso normal. Acredita-se que essas doenças aumentam os níveis dos fluidos biológicos que estimulam o trabalho de parto.

“Os problemas bucais mais comuns que podem ocorrer durante a gravidez são a gengivite e a erosão dentária”, afirma Rosane Menezes Faria, dentista da Odonto Empresas, do grupo Caixa Seguradora. “A gengivite ocorre devido as alterações hormonais que a grávida apresenta. Já a erosão dentária pode acontecer em grávidas que apresentam refluxo, azia e vômitos, principalmente nos primeiros meses. Essas três últimas situações fazem com que o ácido que volta do estômago para a boca possa prejudicar os dentes. Aliado a isso, temos a dificuldade de higienização, o que pode causar ânsia de vomito”, completa.

Outro problema que pode ocorrer é a periodontite, inflamação por bactéria ou fungo num tecido do abdômen, que pode causar parto prematuro e aborto. Os micro-organismos da placa bacteriana dos dentes da mãe vão para a corrente sanguínea e lá estimulam a produção de prostaglandinas (substância hormonal), provocando contrações no útero, podendo acelerar o trabalho de parto prematuro ou muito antes da hora, ou seja, o aborto espontâneo.

 A dentista diz que “normalmente, a mulher dá atenção apenas às questões que dizem respeito à gravidez, preocupando-se menos com os cuidados diários da saúde bucal”. Para evitar a inflamação gengival, que é comum na gravidez, é preciso que a mulher se atente aos eventuais sangramentos no local. “O ideal é que se faça uma visita ao dentista previamente à gravidez. Nela, o dentista irá verificar principalmente se existem cáries e/ou doença periodontal. As orientações do profissional nesta fase são muito importantes”, termina.

Mercado aquecido

Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de 2017, existem 23 milhões de pessoas com planos odontológicos no Brasil, sendo 18% individuais ou familiares. Entre 2016 e 2017, o número de beneficiários de planos individuais aumentou 14,8%, enquanto o de planos coletivos empresariais subiu 6,3%, o que pode trazer boas perspectivas para 2018.