Com os cancelamentos e adiamentos de procedimentos médicos por conta da covid-19, as operadoras e seguradoras de planos de saúde registraram expressiva queda na taxa de sinistralidade, o que contribuiu para a melhora do lucro líquido do segundo trimestre.

A redução verificada na Bradesco Saúde, Hapvida, NotreDame Intermédica e SulAmérica variou de 6,6 a 16,7 pontos percentuais quando comparado ao mesmo período de 2019.

No entanto, esses indicadores não serão mantidos no mesmo nível nos próximos meses, uma vez que os pacientes já voltaram a realizar, principalmente, consultas e exames. Entre as grandes operadoras, estima-se que o volume atual de procedimentos médicos seja equivalente a 70% e 90% do patamar anterior à pandemia.

Essa quantidade é uma soma de parte dos procedimentos não realizados em meses anteriores com a dos pacientes que já se sentem seguros para agendar suas consultas e exames, além dos procedimentos relacionados à covid-19. Em julho, a taxa de sinistralidade ficou em 64%, o equivalente a quatro pontos percentuais acima do mês anterior, segundo levantamento feito pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com 100 operadoras.

“Esse bom desempenho é transitório, entre o segundo e terceiro trimestres. O que estamos olhando mesmo é no longo prazo, analisando critérios de como estão as negociações comerciais entre as operadoras e empresas contratantes num cenário de desemprego e fim do auxílio de complemento de renda do governo”, disse Maurício Cepeda, analista do Credit Suisse.

Ele lembra que cerca de 9 milhões de pessoas tiveram seus contratos mantidos com à MP do governo de complemento de renda, mas o fim do benefício associado a uma não retomada da economia podem levar a um aumento ainda maior das demissões e, consequentemente, redução de planos de saúde. Entre março e junho, período da pandemia, 407,6 mil pessoas perderem o convênio médico.