Cuidar de vidas é responsabilidade sem igual. Por isso, é possível melhorar esse trabalho constantemente e as críticas sérias sempre serão muito bem-vindas. Ataques sem sentido, contudo, em nada contribuem para que aperfeiçoemos a saúde suplementar. Empresas privadas e cooperativas médicas, sem dinheiro público, que recolhem seus tributos legalmente previstos, prestam assistência à saúde a 47 milhões de brasileiros. O orçamento do SUS (Sistema Único de Saúde), para assistência a todos os 208 milhões de habitantes do País, é R$ 125,3 bilhões em 2017. Já a saúde suplementar desembolsou mais de R$ 71 bilhões até junho para cuidar de menos de um quarto da população.

Aos que acreditam que as operadoras só visam ao lucro, lembro que a sinistralidade média é 85%. Ou seja, sobram 15% do faturamento para despesas administrativas, impostos, gastos com comercialização, marketing, investimentos tecnológicos e demais ações necessárias à prestação de serviços, que tem obtido avaliações muito boas de seus clientes, além de acompanhar a evolução mundial. Isso tem se traduzido em retorno praticamente zero, quase sempre sustentado por resultados financeiros, advindos das imensas reservas técnicas impostas pelo órgão regulador. Se nós visássemos somente ao lucro, com certeza esse não seria o tipo de negócio a receber investimentos.

Nunca partiu das operadoras a ideia do plano de saúde popular. A Lei 9.656/98 sempre contemplou a segmentação de planos de saúde, inclusive contratos somente ambulatoriais. Embora a iniciativa dos novos planos não seja nossa, não nos negamos a dialogar sobre o assunto, até porque estamos em democracia. Além disso, acreditamos que, sim, seja muito importante oferecer mais opções acessíveis a famílias de menor renda. Elitizar a saúde privada não é, nem nunca será, a solução. Nosso entendimento atual é exatamente o do diálogo com toda a sociedade, alertando para o fracasso do modelo vigente e a necessidade imperiosa de direcionarmos nossas estratégias para nova forma de atenção à saúde, que agregue qualidade e tenha o cliente no centro do modelo assistencial.

As operadoras são financiadas pelos pagamentos de seus clientes. Sem resultados positivos, tornam-se insustentáveis. São reguladas em processo que iniciou há somente 17 anos. Em casos extremos, as empresas de planos de saúde sofrem intervenções extremamente gravosas, alienação compulsória de carteiras e liquidação extrajudicial. Liberdades econômica, política e institucional andam sempre de mãos dadas. Estamos abertos ao diálogo transparente, pois esta é a melhor forma de encontrar soluções para a Saúde e a qualidade de vida de todos os cidadãos.

Alexandre Ruschi é médico e presidente da Central Nacional Unimed.