A partir de janeiro, os planos de saúde passarão a cobrir testes rápidos para dengue e exames para detecção da chikungunya. Hoje, beneficiários já contam com procedimentos que avaliam estruturas sanguíneas, mas a maior parte dos diagnósticos advém da avaliação clínica, a que considera essencialmente os sintomas. Conforme a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a constatação de infecções por zika será facilitada, já que, além da observação do quadro característico, também é feita por exclusão das outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. No Estado, há 103 notificações. A expectativa é de que, nos próximos dias, testes para detectar o vírus tenham início no Lacen.

Atualmente, algumas instituições privadas têm ofertado esses exames. O de zika é mais raro e chega a custar entre R$ 400 e R$ 500. O de dengue tem um valor médio de R$ 120. Já o de chikungunya, de R$ 350. A novidade trará alívio no bolso. Por outro lado, o infectologista e membro do Comitê Técnico do Ministério da Saúde (MS) para apurar dengue, chikungunya e zika, Carlos Brito, explica que não dá para criar a expectativa de que todos, inclusive os atendidos na rede pública, serão submetidos a exames específicos. “A base é a avaliação clínica. Ela é soberana. Os exames laboratoriais costumam ser realizados quando há complicações, em investigações específicas”.

Uma das explicações é de que os quadros costumam perdurar entre três e sete dias, de modo que, muitas vezes, com o diagnóstico obtido por meio da observação dos sintomas, o próprio paciente costuma não levar adiante a busca pela descoberta em laboratório, a menos que tenha gravidade.

Carlos Brito, especialista que primeiro levantou a suspeita de circulação do zika no Estado, destaca ainda que notificar o adoecimento por zika como tal – e não como caso de dengue, como era feito até a semana passada -, mesmo que de forma clínica, é um avanço importante por fornecer aos órgãos responsáveis condições de planejar ações. “Se tivesse ocorrido antes, ajudaria os meios de assistência a se planejarem”, opina, citando o aumento do número de casos de microcefalia. Para as outras enfermidades transmitidas pelo Aedes, a lógica é a mesma, com base nas “predileções” de cada vírus. “Saber que determinada região vem tendo muitos casos de chikungunya, por exemplo, é ter a consciência de que será preciso reforçar certo tipo de assistência, nesse caso, voltado à complicações como dores nas articulações”.