Maior operadora de autogestão do país, com mais de 680 mil participantes, a Cassi – Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil acaba de aprovar uma mudança estatutária que vai resultar em aumento de contribuição de seus beneficiários.  Objetivo é reequilibrar as contas da operadora que está em direção fiscal desde julho e tem até 10 de janeiro para apresentar seu programa de saneamento à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Dênis Corrêa, presidente da Cassi, garante que os problemas financeiros pelo qual a operadora passa — são R$ 900 milhões abaixo dos critérios considerados seguros pela ANS — não trouxeram prejuízos para a assistência aos usuários e que com a capitalização de R$ 1 bi do Banco do Brasil e a mudança no estatuto, a operação voltará ao prumo.

O que muda com a proposta aprovada na última quinta-feira?

As mudanças foram nas contribuições por dependentes. Pela proposta aprovada. funcionários e aposentados do banco continuarão contribuindo com 4% do salário, com o acréscimo de 1% para o primeiro dependente (no caso de funcionários da ativa) e 2% (aposentados); 0,5% para um segundo dependente; e 0,25% para os demais dependentes, até um teto de 7,5% da remuneração. O banco, por sua vez, também passa a pagar 3% por dependente do titulares dos funcionários ativos, limitado a três dependentes. Ao todo a participação do patrocinador pode chegar a 13,5%.

Há um grupo que diz que essa mudança pode ir parar na Justiça. Há esse risco?

A consulta ao corpo social aprovou a proposta de recuperação com 81.982 votos “sim”, atingindo o quórum de dois terços, na forma exigida pelo estatuto vigente. Não procede, portanto, a alegação de que o quórum necessário não teria sido alcançado. A opção do voto “sim” (81.982) prevaleceu em relação ao voto “não” (39.608), com 67,4% do total, considerados para isso todos os votos dos associados que responderam objetivamente à pergunta submetida à deliberação do corpo social. O resultado já foi inclusive homologado pelo Conselho Deliberativo da Cassi, que reúne representantes eleitos pelos associados e indicados pelo Banco do Brasil.

A capitalização do plano, com injeção de R$ 1 bi pelo Banco do Brasil já está certo? Quando esse dinheiro entraria no caixa da Cassi?

Sim. Estes recursos devem entrar ainda em dezembro.

As mudanças aprovadas reequilibram as contas da Cassi?

Sim. De imediato, permitem a regularização de indicadores que levaram à instauração da direção fiscal pela ANS. A contribuição por dependente, introduzida pelo novo estatuto, também permitirá um reequilíbrio entre receitas e despesas. Foi o descasamento entre os gastos com assistência, influenciados pela inflação saúde, que levaram aos sucessivos déficits e consumo integral de reservas.

Qual o tamanho da dívida da Cassi hoje? Tratam-se de dívidas curto, médio ou longo prazo?

A Cassi não tem dívidas. Tem insuficiência de aproximadamente R$ 900 milhões para cumprir os indicadores acompanhados pela ANS, justamente porque usou suas reservas técnicas para pagar prestadores já que a receita deixou de ser suficiente. Com a entrada desses recursos, de imediato conseguirá regularizá-los.

O senhor  poderia adiantar alguns pontos do plano de recuperação que deverá ser apresentado até janeiro à ANS?

O plano ainda está sendo construído, mas é baseado na entrada de novos recursos que acaba de ser aprovada e em ações de gestão para redução de despesas assistenciais e administrativas. Assim que finalizado, será entregue à ANS  e divulgado para os associados.

Os problemas financeiros da Cassi já repercutem em problemas de assistência?

Não. Não houve restrição de atendimentos nem prejuízos aos participantes. Diante da insuficiência de recursos, a Cassi iniciou uma série de ações de gestão voltadas à negociação com prestadores, para redução de valores contratuais e também adoção de novos modelos de remuneração. As ações começaram em meados de 2018, inicialmente focadas nos grandes prestadores (hospitais e laboratórios) de todas as regiões do país, e conseguiram gerar redução das despesas assistenciais e ganhos de eficiência, com superávits mensais entre novembro de 2018 e junho de 2019.