Quando uma operadora decide investir em programas de prevenção e promoção da saúde, na maior parte das vezes direciona suas ações a pacientes crônicos ou ao público da terceira idade. Mas é importante ter em mente que é possível ir além e estender a abordagem preventiva a outros públicos dentro do seu universo de beneficiários.

Oferecer acompanhamento constante e incentivar as famílias a manterem uma rotina de exames periódicos desde o nascimento da criança, é uma forma de reduzir a demanda por serviços mais complexos no futuro. Em muitos casos, o diagnóstico precoce na infância pode fazer toda a diferença no sucesso do tratamento e na manutenção da qualidade de vida desse paciente.

O que é puericultura?

A puericultura é uma subespecialidade da pediatria que se preocupa com o acompanhamento integral do processo de desenvolvimento infantil. Busca analisar o processo de crescimento, o desenvolvimento físico e motor, a linguagem, a afetividade e a aprendizagem cognitiva da criança.

A ideia é avaliar como a criança se utiliza de todos esses aspectos para se relacionar com as pessoas à sua volta. Com a puericultura, o pediatra tem condições de detectar precocemente distúrbios psicomotores, nutricionais ou de crescimento, por exemplo, antes que eles cheguem a causar prejuízos irreversíveis.

É como se fosse uma espécie de “medicina preventiva para crianças”.

Por ser voltada à detecção precoce de problemas, o serviço de puericultura se diferencia do diagnóstico e do tratamento clínico. Através da observação atenta ao histórico de desenvolvimento da criança, é possível diagnosticar falhas ou atrasos do desenvolvimento em áreas específicas, e intervir assim que essas alterações forem detectadas.

A puericultura deve ser realizada desde os primeiros dias de vida, se estendendo até o final da adolescência. Ela tem papel fundamental no suporte à amamentação, na orientação vacinal, na introdução de novos alimentos na dieta e no monitoramento dos fatores de risco ao longo do desenvolvimento da criança.

Puericultura para recém-nascidos

Se a sua operadora de saúde já possui um grupo de apoio à gestante, uma boa ideia é direcionar as participantes para um programa de puericultura logo após o parto. Esse programa deve oferecer acompanhamento médico ao bebê nos seus primeiros meses de vida, mesmo que não apresente nenhum sinal de doença.

O Ministério da Saúde sugere um calendário mínimo de consultas de puericultura, que inclui uma consulta até os 15 dias de vida, seguida por uma consulta com um, dois, quatro, seis, doze e dezoito meses. No total, são sete consultas nos primeiros 18 meses de vida.

Entre os cuidados oferecidos por enfermeiros e pediatras neste período estão orientações sobre o aleitamento natural, vigilância da curva peso/altura, vacinação em massa, prevenção de acidentes e pediatria comportamental.

Além de difundir os cuidados básicos com o recém-nascido, por meio do exame físico da criança e de conversas com os pais, o pediatra busca avaliar a normalidade do desenvolvimento, estabelece diagnósticos e, conforme o caso, recomenda exames complementares.

Dentro da puericultura, o pediatra também possui a função de fiscalizar a vacinação básica e de atuar na prevenção de doenças que costumam acometer as crianças, por meio de uma adequada supervisão higiênica, dietética, comportamental e nutricional.

Puericultura para crianças e adolescentes

Apesar de não ser tão intenso quanto nos primeiros meses de vida, o acompanhamento do desenvolvimento infantil deve se estender até o final da adolescência.

Isso envolve orientações sobre nutrição adequada, imunização, higiene em geral, adaptações e inadaptações na idade escolar, prática de atividade física na infância e adolescência, prevenção da obesidade infantil, além do acompanhamento de aspectos psicoafetivos e emocionais da criança.

A variedade de fatores que envolvem o desenvolvimento infantil faz da puericultura uma prática que envolve uma equipe multidisciplinar, que pode ser composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e educadores.

Essa equipe deve promover ações envolvendo nutrição adequada, imunização, higiene em geral, adaptações e inadaptações na idade escolar, prática de atividade física na infância e adolescência, prevenção da obesidade infantil, além do acompanhamento de aspectos psicoafetivos e emocionais da criança.

Outro fator de grande influência no sucesso da puericultura é a conscientização das famílias. Durante todas as fases do crescimento das crianças, é importante que a operadora se preocupe em conscientizar os pais sobre importância de acompanhar o histórico de saúde de seus filhos e adotar medidas preventivas para garantir a eles um futuro mais saudável.