Em média, 88% da base de clientes dos planos de saúde usa os serviços de sua rede médica ao menos uma vez ao longo do ano. É o que aponta pesquisa feita pelo Ibope Inteligência e o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

As consultas médicas são o serviço mais utilizado. De acordo com o levantamento, 86% dos beneficiários passaram por consulta pelo plano ao menos uma vez nos últimos 12 meses, enquanto 78% deles realizaram algum exame. Apenas 17% utilizaram o convênio para internação.

Essas proporções estão estáveis desde pelo 2015, quando o IESS e o Ibope realizaram a primeira edição da pesquisa.

O superintendente executivo do IESS, José Cechin, diz que as taxas de uso, à primeira vista, parecem altas se comparadas a outros tipos de seguros – no seguro de veículos, por exemplo, apenas 29% dos segurados acionam a operadora para algum sinistro a cada ano, diz ele.

Essa diferença, no entanto, está ligada à natureza particular dos seguros ligados à saúde e, no saldo final, ajuda a impedir aumentos de custos e de mensalidades ainda maiores.

“A princípio, a função dos seguros é cobrir eventos não previsíveis, como uma colisão no carro ou um problema de saúde, mas, nos planos de saúde, há um segundo aspecto, que é o da prevenção”, disse Cechin.

“Claro que, de imediato, o volume de check-ups significa um aumento de custo para a operadora, mas, no longo prazo, o saldo tende a ser positivo. A mamografia tem um custo, mas é muito mais simples tratar um câncer de mama diagnosticado precocemente do que em estágio avançado”, afirmou.

Frequência e tecnologia pressionam custos

De acordo com Cechin, não é da quantidade de pessoas usando os planos que vêm os aumentos cada vez mais altos de custos das operadoras e, portanto, das mensalidades cobradas.

“A frequência está aumentando”, diz ele. “A pessoa que antes fazia dois ou três procedimentos por ano, agora faz 10 ou 15.”

De acordo com dados do IESS, o número de consultas realizadas por meio dos planos de saúde aumentou 1,5% de 2017 para 2018, o de exames subiu 5,5% e o de terapias, que inclui de fisioterapia a quimioterapia, saltou 21%, mesmo com o número total de clientes estável.

O aumento de preços, tanto de serviços médicos quanto de medicamentos e equipamentos, bem como a incorporação de novas tecnologias, que deixam alguns procedimentos mais modernos, mas também mais caros, são outros fatores mencionados por Cechin para explicar a escalada de preços repetidamente acima da inflação nos planos de saúde.