A Rede D’Or fechou a compra de 100% da Perinatal, uma das principais maternidades do Rio, por cerca de R$ 800 milhões. O ativo também era disputado pela Amil, segundo o Valor apurou.

Ainda de acordo com fontes, o grupo hospitalar se interessou pela Perinatal porque não possui maternidade no Rio e está em negociações com seguradoras e operadoras de planos de saúde sem rede própria para oferecer uma rede credenciada de hospitais mais completa. A SulAmérica e a Bradesco Saúde já criaram modalidades de convênio médico em que a maior parte dos hospisão da Rede D’Or, mas havia falta de maternidade no Rio. Em São Paulo, o grupo é dono da tradicional maternidade São Luiz.

As negociações entre a Rede D’Or e as seguradoras e operadoras não verticalizadas começaram antes do conflito com a Amil, mas ganham relevância neste momento. Isso porque já há empresas trocando a Amil por outras seguradoras devido à ausência dos hospitais da D’Or, principalmente, no Rio. O impacto acaba sendo relevante quando a empresa tem presença em outras regiões do país, como São Paulo. A troca de plano de saúde costuma ser nacional para que o risco de sinistralidade possa ser diluído numa carteira maior de usuários.

A Perinatal tem unidades na Barra e em Laranjeiras, que juntas somam 250 leitos. Os fundadores da maternidade carioca, Manoel de Carvalho e José Maria Lopes, permanecem no negócio do qual detinham 50%. A outra metade pertencia desde 2009 ao Grupo Santa Joana que, por sua vez, é dono das maternidades Pro Matre e Santa Joana, na capital paulista.

A transação marca mais uma disputa entre a maior operadora de planos de saúde e o maior grupo hospitalar do país. A Amil vem buscando aumentar sua rede de hospitais no Rio, praça em que todas as unidades da Rede D’Or foram descredenciadas.

A batalha entre os dois players foi iniciada em abril quando a operadora pediu o cancelamento dos hospitais da D’Or para aquelas modalidades de convênios médicos mais baratas e que representavam a maior parte da receita. O objetivo da Amil era substituí-los pelos hospitais da UnitedHealth que é dona da Amil. A proposta não foi aceita e a D’Or optou pelo cancelamento total, ou seja, também dos planos de saúde com mensalidades mais caras. A medida começou a valer no fim de semana.

A queda de braço não é só com a Rede D’Or. Outros prestadores de serviços, principalmente de menor porte, reclamam que a Amil está pressionando para que eles adotem o modelo de remuneração com risco compartilhado. Essa pressão é reflexo de uma determinação da UnitedHealth para que a Amil reduza o valor de suas despesas assistenciais a fim de que sua inflação médica, atualmente em 18,5%, chegue ao mesmo patamar do IPCA até 2025. Neste ano, a projeção é uma inflação geral de 4%.

A Amil ainda tem o desafio de melhorar seu desempenho financeiro. Em 2018, o lucro líquido foi de R$ 7,8 milhões para uma receita de R$ 21 bilhões. Em 2017, a operadora registrou um lucro de R$ 54 milhões, o que parecia ser uma recuperação da operadora que amargou prejuízos acumulados de R$ 723 milhões entre 2014 e 2016.