Para a Genial Investimentos, o setor da saúde passa por um momento de consolidação, com fatos como a fusão entre Rede D’Or (RDOR3) e SulAmérica (SULA11), anunciada no início do ano.

“Acreditava-se, até a operação, que após a fusão entre Hapvida GNDI, as duas seriam o principal player no jogo de rouba monte que tem sido a consolidação no mercado de saúde”, explica a corretora.

“O crescente nível de endividamento das companhias do setor e a rápida escalada da taxa de juros podem ser fatores indicativos de que este ciclo está terminando. Levando em consideração que muitos dos grandes targets já foram absorvidos e muitas das pequenas operações que já ocorreram, podemos olhar para o panorama atual e analisar o desempenho das grandes empresas de saúde”, continua.

A Genial cita como principais pontos no setor a fusão entre a Hapvida e a Intermédica, definindo a transação como “a maior” da área da saúde, “sendo benéfico para ambas as companhias”, segundo os analistas.

“As duas são operadoras verticalizadas, ou seja, comercializam planos de saúde e possuem as instalações hospitalares para atender seus beneficiários, focadas na parte inferior e no meio da pirâmide social. Um ponto importante para a tese renovada são os conhecimentos em nichos específicos da cadeia, com a experiência em planos individuais de Hapvida e o business de operações hospitalares de Intermédica possibilitando o destravamento maior de valor para as companhias”, dizem.

Apesar disso, para a Genial, o crescimento forte de receita, majoritariamente inorgânico, não deve ser sustentável a médio e a longo prazo. É esse o motivo que, segundo a corretora, causa a principal incerteza em nossa opinião para a avaliação das companhias.

“Exemplifica-se isso a partir dos dados de beneficiários de assistência média disponibilizados pela ANS para os primeiros meses de 2022, que demonstram pequenas adições líquidas para GNDI e Hapvida. No geral, acreditamos que a presença nacional que a fusão traz torna a nova empresa uma das favoritas para consolidar a parte de baixo da pirâmide”, diz a Genial.

Definida como “a cereja do bolo”, a dinâmica da Rede D’or e da SulAmérica ainda não está clara.

“Olhando para o business de ambas podemos esperar sinergias importantes. As companhias já trabalham juntas: 20% da receita de Rede D’Or vem dos beneficiários de Sula, e 20% dos custos médicos incorridos pela seguradora advém da RDOR. Aqui, sinergias tributárias poderão ser capturadas a partir de alguma estrutura societária que permita transações intercompany. Ainda, o forte poder de barganha para medicamentos e outros materiais hospitalares de Rede D’Or poderá beneficiar o custo de sinistro incorrido pela SulAmérica”, diz o relatório.

A Genial define a operação como positiva para as duas companhias, afirmando que, dela “nasce mais um favorito no jogo de rouba monte que é a consolidação do setor de saúde. Sendo o downsell menos complicado que o upsell, esperamos que a concorrência entre Hapvida/Intermédica e RDOR/SULA se acirre nos próximos anos, com possíveis planos mid-ticket”.

O que esperar dos resultados?

SulAmérica (SULA11)

A Genial aponta que o resultado do primeiro trimestre de 2022, para a Sulamérica, deve continuar a ser pressionado, mas enxerga um crescimento nos prêmios emitidos, o que deve gerar um crescimento de receita.

“As agências reguladoras proibiram cirurgias eletivas quando a pandemia piorou, o que causou um represamento. Esse problema já vem sendo resolvido desde o 2S21, mas a quantidade de eletivas é um fator muito relevante para a sinistralidade da companhia, que veio alta nos últimos semestres”, explica a corretora.

“Assim, o custo de sinistro no 1T22 deve apresentar começar a apresentar melhoras, com queda percentual t/t. A companhia acredita que ao longo do ano o esse problema será resolvido. Outro ponto importante é que os reajustes nos planos vendidos só podem ser feitos em seu aniversário. Ou seja, ao longo do ano conforme os contratos forem reajustados, a sinistralidade deve arrefecer”, continua.

Segundo a Genial, a alta das taxas de juros também devem beneficiar os resultados financeiros da companhia, com expectativa de pressões em cima dos custos, relacionados à crescente inflação médica e o dissídio de seus funcionários. Com esse cenário, esperamos um lucro pressionado para a companhia, estável em relação a trimestres passados.

“Isso não exclui nossa visão positiva de fusão da companhia com a RDOR, estamos otimistas com a operação e seu desenrolar ao longo do ano”, dizem os analistas.

Rede D’Or (RDOR3)

Para a Rede D’Or, a dinâmica esperada também se aplica, segundo a Genial.

“Apesar da severidade mais branda da variante Omicron esperamos que ainda haja impacto da pandemia no resultado da Rede D’Or. A piora da situação pandêmica no início do ano causou o afastamento de cirurgias eletivas, e mesmo que a necessidade de medicamentos e o tratamento da Omicron sejam mais suaves, o ticket médio deve ser menor. Portanto, esperamos certa manutenção da taxa de ocupação, mas impactos sobre a receita no 1T22, dado um ticket médio ainda pressionado”, explica.

Fatores como a integração de quatro novos ativos, (Hospital Santa Marina, Hospital Arthur Ramos, Hospital Santa Isabel e Hospital Novo Atibaia) devem contribuir para o crescimento da receita, mesmo sem estarem operando com as margens normalizadas da companhia, o que deve pressionar a rentabilidade do primeiro trimestre de 2022.

“A tese para a prestadora de serviços hospitalares sempre envolveu um poder de barganha mais forte em termos do custo de serviços prestados, pelo tamanho e escala da companhia. Ainda devemos observar uma pressão nessa linha para o 1T22, o que deve impactar o resultado como um todo. Segundo a empresa, ao longo do ano o foco de controle de custos deve ser retomado, o que nos deixa otimistas para o resto do ano, levando em consideração que a pandemia se mantenha controlada”, dizem os analistas.

A Genial ainda afirma que “espera que o impacto negativo do resultado financeiro possa ser mitigado no 1T22”.

“No geral, esperamos resultados pressionados para RDOR neste trimestre, com pressão remanescente da pandemia nos custos e nas margens dadas as novas integrações. Ainda assim, o ano de 2022 pode trazer recuperação, com arrefecimento da pandemia e melhor controle de custos, além de manutenção nas receitas em patamares mais elevados que o pré-pandemia”, conclui.