Um sistema de saúde eficiente está diretamente relacionado com o desenvolvimento do país. No Brasil, segundo o estudo Global Burden of Disease, de 2017, se perde 28 anos de vida produtiva por incapacidades e morte precoce a cada 100 habitantes em um cenário em que as empresas são responsáveis por 70% da cobertura em saúde privada. Mas de que forma a gestão da saúde corporativa pode ajudar a melhorar esse cenário? É essa discussão que Emmanuel Lacerda, gerente executivo de saúde do SESI (Serviço Social da Indústria), fará durante o 22º Congresso Internacional UNIDAS.

Para Emmanuel, a gestão do plano de saúde, da saúde ocupacional e do programa de promoção da saúde e qualidade de vida está fragmentada dentro das empresas, que, além do plano de saúde, também investem em programas como vacinação, gestões de absenteísmo, estresse, crônicos, entre outros.

“Integrar a gestão da saúde implica em ter uma visão mais ampliada do sistema, redesenhar processos e reduzir ineficiências, melhorando a qualidade e os resultados desse investimento. A gestão de saúde integral, eficiente e sustentável pelas empresas implica em menos mortes precoces e menos pessoas incapacitadas e excluídas do mundo do trabalho. Neste contexto, a saúde é um valor para as pessoas, para as empresas, para os governos e para a sociedade”, afirma.

Emmanuel acredita que o maior desafio do setor é a integração da saúde, tanto no âmbito do sistema, como da estratégia corporativa de saúde: “A saúde da pessoa é uma só e não pode estar fragmentada entre as estruturas do SUS, da saúde privada e da saúde ocupacional”.

“Do ponto de vista das empresas, é preciso transitar da saúde ocupacional e oferta de benefícios para um programa de saúde corporativa centrado na saúde integral do trabalhador e seus familiares. Para isso, é condição fundamental a integração e melhor gestão de dados, o redesenho das relações entre empresas e demais atores do sistema de saúde para aquisição de soluções que entreguem resultados que realmente importam às pessoas e o fortalecimento da atenção primária com ênfase em promoção da saúde e prevenção de incapacidades”, acrescenta.

Emmanuel acredita que alguns fatores como os custos diretos com a saúde, que crescem três vezes mais que a inflação, ameaçando a sustentabilidade do acesso a saúde privada; a carga dos auxílios doença e aposentadoria, que pressionam o sistema previdenciário; os índices de reabilitação e retorno ao trabalho, que são muito baixos; e o envelhecimento da população e a necessidade de prolongar a vida produtiva dos trabalhadores estão impulsionando a mudança no sistema de saúde tradicional, público e privado, e na gestão da saúde corporativa.

Em relação ao futuro dos planos de saúde, o especialista acredita que será necessário passar por uma maior e melhor gestão populacional da saúde orientada para resultados; maior engajamento de empresas, inclusive lideranças estratégicas, e de usuários no autocuidado, uso, suporte e controle social da saúde; uso de tecnologias para facilitar o autocuidado, o acesso, o diagnóstico e o acompanhamento em saúde e pela Atenção Primária à Saúde.