Cerca de 100 representantes de entidades de saúde, operadoras e prestadores de serviços acompanharam na quinta-feira, 14/12, no Rio de Janeiro, o Seminário de Enfrentamento da Obesidade e Excesso de Peso na Saúde Suplementar. Realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o evento foi fruto do trabalho do Grupo Multidisciplinar para Enfrentamento da Obesidade, criado pela reguladora com o objetivo de promover melhorias e incentivos na atenção à saúde relacionada à prevenção e ao combate da obesidade entre beneficiários de planos de saúde. O Seminário marcou o lançamento do “Manual de Diretrizes para o Enfrentamento da Obesidade na Saúde Suplementar Brasileira”.

Na abertura do evento, a diretora da ANS de Normas e Habilitação dos Produtos, Karla Coelho, falou da importância do debate sobre o tema. “Hoje temos aqui a presença de diversos especialistas que trazem dados científicos de pesquisas baseadas no perfil epidemiológico da população brasileira, para pensarmos na melhor forma de enfrentamento do excesso de peso e da obesidade, através de programas de promoção de saúde e prevenção de doenças, em rede articulada de saúde que prime pela organização do cuidado. Sabemos das doenças crônicas não transmissíveis decorrentes da obesidade, e do impacto que causam na vida das pessoas, como diabetes, câncer, doenças osteoarticulares e outras relacionadas à saúde mental, como a depressão. Hoje sabemos também que viveremos mais, mas queremos viver com qualidade, daí a importância desse Seminário, que pretende também provocar a reflexão sobre como os indivíduos fazem as suas escolhas por um estilo de vida mais ou menos saudável, mais ou menos sedentário”, explicou Karla Coelho.

Após abrir o encontro, a diretora passou a palavra a João Luis Barroca de Andrea, ex-diretor da ANS, que fez uma reflexão sobre o atual modelo de saúde e da sociedade (que gasta cada vez mais tempo presa às telas de celulares e tablets), baseado em padrões que “retroalimentam a obesidade e o excesso de peso”. Em seguida, o Seminário contou com diversas palestras e mesas de debate, e com uma mensagem da criadora do Panelinha (site, editora e produtora) e apresentadora de TV, Rita Lobo, gravada em vídeo especialmente para a ocasião.

“Estou feliz da vida que o Panelinha está junto da ANS nesse projeto tão importante para combater a obesidade. Há 17 anos trabalhamos para levar as pessoas para a cozinha. Sabemos que alimentação saudável de verdade é feita em casa, com alimentos que venham da natureza, sejam eles de origem animal ou vegetal, in natura e minimamente processados. A partir de 2014, com a publicação do Guia Alimentar da População Brasileira, do Ministério da Saúde, tudo ficou mais claro. Ficou mais fácil das pessoas entenderem o que precisam tirar da alimentação. Não é o glúten, não é a lactose, não é o carboidrato, e sim os alimentos ultraprocessados. Sabemos que esse trabalho profundo feito pela ANS também é baseado no Guia, sendo muito completo por unir a área médica e dar destaque para a Educação Física. E nós aqui, da cozinha, vamos somar esforços para combater a obesidade no país”, disse Rita Lobo na gravação exibida no encontro.

Em sua palestra, a gerente de Monitoramento Assistencial da ANS, Katia Audi, lembrou que vivemos um modelo de saúde que estimula o consumo de procedimentos e exames, e não o cuidado e atenção ao paciente. Isto, somado ao sedentarismo de grande parcela da população, se torna extremamente prejudicial para o enfrentamento da obesidade. “Nosso desafio é a qualidade de vida das pessoas e a sustentabilidade do setor. Em um país com tantas diferenças sociais, temos que pensar, por exemplo, em levar atividade física para as diversas camadas da população. É importante sair do sedentarismo, começar a se mover, sair do sofá. E é fundamental atingirmos as novas gerações com a educação em saúde na escola, lugar onde se consegue, de fato, uma transformação”, afirmou Katia Audi.

Segundo dados da pesquisa Vigitel Brasil 2016 da Saúde Suplementar, a proporção de beneficiários adultos de planos de saúde com excesso de peso vem aumentando desde 2008, quando foi realizado o primeiro levantamento, passando de 46,5% para 53,7%. O mesmo ocorre com a proporção de obesos, que aumentou de 12,5% para 17,7%. É importante ressaltar que, no Brasil, apenas 10% dos pacientes com obesidade são diagnosticados, e porcentagem inferior a 2% dos mesmos recebem tratamento para obesidade.