O exame mais realizado é o de radiografia, com 679 a cada mil beneficiários. Em segundo lugar ficam os exames de sangue (337/mil), seguidos da ressonância magnética (179/mil) e tomografia computadorizada (164/mil). Na Holanda, por exemplo, são realizadas cerca de 52 ressonâncias e 95 tomografias a cada mil beneficiários, enquanto no Chile esse número cai para 31 ressonâncias e 96 tomografias, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Para mudar essa realidade, o mercado nacional vem buscando ano a ano pela verticalização no atendimento, ou seja, os planos de saúde, percebendo o exacerbado número de exames realizados, estão gradativamente centralizando os serviços médicos.

Uma das principais razões para o desperdício no setor de saúde está no modelo de remuneração praticado. O sistema fee-for-service, em que os pagamentos são realizados por serviço prestado, é um estímulo à solicitação de exames e procedimentos por vezes desnecessários. A tendência é que haja uma transição para modelos de remuneração mais enxutos, com corte de desperdícios, que valorizem medidas com impacto real na saúde dos usuários.

No modelo de verticalização, o primeiro passo foi a aquisição de clínicas e hospitais pelas operadoras de planos de saúde. Outra medida foi a redução do número de médicos autônomos credenciados, centralizando os serviços nos planos de saúde, reduzindo, assim, os gastos com pagamentos de exames externos. Ao buscar a verticalização, as operadoras passam a ter um controle maior sobre os seus custos.

Esse movimento tende a permanecer forte para 2021 e próximos anos. O passo seguinte para a consolidação desse modelo é o investimento por parte das operadoras de planos de saúde em sistemas de análise de big data e algoritmos de Inteligência Artificial, que possam ajudar os médicos a definirem com maior precisão a necessidade de exames e tratamentos.

Isso certamente minimizaria o número de exames complementares e tratamentos desnecessários, gerando economia às operadoras e melhores resultados para os pacientes. O uso dessas ferramentas revolucionará toda a cadeia de saúde, reduzindo custos, melhorando a precisão dos diagnósticos e a experiência do usuário.

Grandes empresas inclusive já têm voltado seus olhos para esse mercado. A IBM, por exemplo, desenvolveu o Watson Health: um software com inteligência artificial (AI) de diagnósticos, que tem o objetivo de tornar a medicina mais precisa. Ele traz informações de outros pacientes com a mesma enfermidade, alguns aspectos do estilo de vida e quais tratamentos foram mais eficazes naqueles casos.

A tecnologia estará cada vez mais presente no dia a dia do médico, em todos os aspectos, gerando melhorias significativas em suas atividades. Inclusive auxiliando na gestão financeira e gerando mais receitas aos profissionais da área médica, através de sistemas baseados em Inteligência Artificial e Machine Learning.

De acordo com o “Custômetro dos Planos de Saúde”, disponibilizado pela Associação Brasileira de Planos de Saúde, apenas nos primeiros dias de 2021 foram movimentados mais de 9 bilhões de reais no mercado de medicina privada.