A startup brasileira Sami anunciou dia 20/10, que levantou um aporte de R$ 86 milhões liderado pelos fundos Valor Capital Group e Monashees. O investimento também marca uma guinada da empresa, fundada em 2018: após trabalhar com projetos pilotos voltados a otimizar serviços de operadoras de saúde, a startup vai usar o novo cheque para lançar em novembro seu próprio plano de saúde, cujo objetivo é oferecer um atendimento próximo ao paciente e com preço acessível.

Agora, como operadora de saúde, a Sami vai oferecer um plano de saúde voltado a pequenas e médias empresas — inicialmente, o serviço funcionará apenas na cidade de São Paulo. Para oferecer o plano, a startup já conta com uma parceria com o hospital Beneficência Portuguesa, e deve fechar outras três parcerias até novembro. A ideia é oferecer aos membros o acesso a uma rede de assistência de médicos de família por telemedicina, além de um sistema com análise de dados que promete direcionar o melhor atendimento possível ao paciente.

“Nosso plano vai usar um composto de dados como históricos de médicos para indicar qual é o melhor profissional para cada paciente. A medicina boa e assertiva é mais barata. Se o médico acerta o diagnóstico e pede os exames corretos, a conta fica mais barata no final”, explica Vitor Asseituno, fundador da Sami, que é médico formado pela Unifesp. “O Uber, por exemplo, consegue diferenciar o mau motorista do bom motorista com análise de dados. Mas os planos de saúde hoje não fazem isso”

Na visão de Michael Nicklas, sócio do Valor Capital Group, a proposta da Sami é necessária para o setor de saúde. “É por meio de tecnologia que o mercado de saúde vai se empoderar. A Sami está aplicando isso com transformação digital, trazendo transparência e aumentando a interação dos usuários. Com isso, há ganhos de eficiência para as empresas e para o ecossistema como um todo”, afirma.

O plano da Sami vai custar entre R$ 200 e R$ 400 por mês. Uma outra aposta da startup é focar em prevenção: o serviço contará com o benefício da plataforma de academias Gympass e também de outros recursos como um chatbot de saúde mental no app.  Antes desta nova rodada de aportes, a Sami havia recebido um investimento de R$ 5 milhões dos fundos Redpoint Eventures e Canary.

Aceleração

A startup viu seus negócios acelerarem no último mês por conta da pandemia. A empresa, que tinha 15 funcionários em março, tem atualmente uma equipe de 72 pessoas. “A pandemia deixou clara para as pessoas a importância de ter um plano de saúde, já que muitas tiveram medo de ficarem descobertas e sem leito. A aprovação da legislação da telemedicina também permitiu que a gente desenvolvesse um plano digital mais adaptado”, diz Asseituno. “Acabamos construindo uma seguradora totalmente do home office, e com muitos novos funcionários”.

Para os próximos meses, a Sami tem como foco atrair clientes e investir em tecnologia — hoje, a empresa conta com 30 programadores no Brasil e 10 na Índia.

O maior desafio, porém, talvez seja ultrapassar a barreira cultural. “Precisamos fazer as pessoas voltarem a acreditar na cultura do médico de família. Além disso, muita gente escolhe o plano pela quantidade de hospitais e marcas. Temos de mostrar que o importante é a qualidade, a eficiência e a rede de atendimento próxima do paciente”, afirma o fundador da startup.