O grupo segurador SulAmérica, que tem nos planos de saúde seu principal negócio, anunciou nesta quinta-feira (30) a compra da rival Sompo Saúde, por R$ 230 milhões.

A empresa pertencia à Sompo Seguros, controlada pelo grupo japonês Sompo Holdings e, no Brasil, atendia cerca de 116 mil beneficiários, com maior presença no estado de São Paulo, especialmente na região metropolitana.

O Sompo Holdings é um dos maiores grupos seguradores do Japão, fundado há cerca de 130 anos. Já a SulAmérica foi criada em 1895, no Rio.

“A transação envolve, assim, duas marcas centenárias reconhecidas pela alta qualidade de seus produtos e permitirá à SulAmérica, na condição de uma das líderes do mercado de saúde suplementar no Brasil, agregar aos beneficiários, clientes, corretores e prestadores da Sompo Saúde no Brasil toda a sua estratégia de saúde integral e cuidado coordenado que vem sendo desenvolvida com sucesso nos últimos anos, ampliando qualidade, assistência e acolhimento”, diz a SulAmérica, em fato relevante.

O negócio ainda precisa ser aprovado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Quando concluído, deve adicionar cerca de R$ 650 milhões anuais em receitas à SulAmérica, segundo a companhia.

A SulAmérica somou R$ 5,245 bilhões em receitas operacionais no terceiro trimestre deste ano, uma alta de 3,7% na comparação anual, com lucro líquido de R$ 280,3 milhões, recuo de 83,8% frente ao terceiro trimestre de 2020.

PULVERIZADO, MERCADO SEGUE ATIVO EM FUSÕES E AQUISIÇÕES

O grupo é o quinto maior plano de saúde do país, com 3,9% de participação, depois da líder Bradesco Saúde (7,2%), NotreDame Intermédica (6,8%), Amil (6,1%) e Hapvida (5,7%), segundo dados da Lafis Consultoria.

O mercado de planos de saúde ainda é muito pulverizado no Brasil. Segundo a Lafis, em 2020, o setor faturou R$ 227,5 bilhões, um aumento de 5% na comparação anual.

A maior parte dos planos de saúde no país são coletivos empresariais (68%), ou seja, são oferecidos como benefício para quem está empregado. Outros 13% são planos coletivos por adesão, contratados por meio de sindicatos e associações. Apenas 19% são individuais ou familiares —a maioria dos planos não se interessa por esta categoria porque nela o reajuste é ditado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Daí o fato de a Amil ter pago cerca de R$ 3 bilhões para a empresa de reestruturação financeira Fiord Capital, a fim de se desfazer da sua carteira deficitária de planos de saúde individuais.

A operação anunciada nesta quinta-feira sinaliza uma estratégia crescente entre os planos de saúde, conforme apontou reportagem da Folha em outubro. Diante do envelhecimento da população, as empresas aumentam seus custos e decidem partir para fusões e aquisições, a fim promoverem mais sinergias e se manterem competitivas. Uma das principais operações no setor foi a compra da Hapvida pela NotreDame Intermédica, aprovada este mês pelo Cade.

Ao mesmo tempo, as companhias do setor partem para a verticalização das operações: as instituições passam a ser donas de todas as frentes de atendimento médico, como clínicas, laboratórios e hospitais.

Foi a estratégia usada pela Prevent Senior para ganhar espaço no mercado. Especializada no atendimento ao público idoso, a operadora protagonizou este ano um dos escândalos apontados pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid.

A companhia foi alvo de denúncias de administração do “kit covid” (remédios sem eficácia comprovada para controle da doença) nos pacientes, sem consentimento das famílias, além de fraudes nos registros de óbitos.