A seguradora SulAmérica viu suas units (SULA11) subirem 4,2% no dia 02/07 com a notícia de que a companhia recebeu uma oferta da alemã Allianz para a aquisição de sua operação de automóveis e ramos elementares.

Investidores reagiram bem à notícia em parte, obviamente, por conta do ganho que o negócio pode trazer — analistas estimam que a Allianz deve desembolsar entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões. Mas há uma outra conclusão que também anima o mercado: a de que, com essa venda, a SulAmérica vai se focar no lucrativo segmento de saúde.

O movimento é aguardado há anos. Começou em 2015, quando a empresa vendeu alguns de seus ativos, e se intensificou no ano passado, com a notícia de que a empresa havia colocado à venda suas operações de vida, previdência e capitalização. Em maio deste ano o negócio de capitalização foi vendido para a Icatu Seguros por R$ 183 milhões.

“A empresa não disse abertamente que pretende focar em saúde, mas todos os movimentos parecem apontar nessa direção”, afirma André Martins, analista da XP Investimentos.

Em relatório, analistas do Bradesco afirmam que a venda da operação de automóveis pode ser um divisor de águas para a SulAmérica. “Além de permitir que a empresa aumente seus investimentos e concentre-se em seus negócios de saúde de maior retorno, a venda também poderia permitir uma reclassificação nos múltiplos das ações”, afirmam em relatório.

Os analistas do banco estimam que, com a venda, as ações da SulAmérica poderiam sair do atual múltiplo de negociação de 14 vezes o seu lucro para uma negociação acima de 30 vezes o lucro. Seria um patamar similar ao de outras operadoras com o foco 100% em saúde, que tem despertado a atenção dos investidores. A Hapvida atualmente é negociada em bolsa a 32,8 vezes o seu lucro e a Intermédica a 53 vezes, segundo dados da consultoria Economática.

“Intermédica e Hapvida são operadoras verticalizadas, que, por terem uma rede própria de hospitais e laboratórios, conseguem ser mais rentáveis. A SulAmérica precisa pagar toda a rede mas, por estar focada no segmento mais alta renda, ela tem diferenciais importantes, que tonarm o negócio único”, afirma Martins.

O momento econômico também é propício para a SulAmérica focar em saúde. A retomada do emprego deve ajudar no crescimento dos planos de saúde corporativos, que representam 70% do total de vidas seguradas pela empresa.

“Nos últimos anos a SulAmérica investiu em mais de 30 iniciativas de controle de sinistros, para reduzir custos e frequência e melhorar sua rentabilidade. Ela está extremamente bem posicionada para a melhora da economia”, afirma Martins.