O debate sobre o uso da telemedicina já trouxe diversos questionamentos, principalmente quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou no ano passado a resolução definindo regras para a aplicação. Há época, grupos de profissionais e associações médicas acreditavam que o tema precisava ser mais amplamente analisado, o que motivou a revogação da medida.

No entanto, naquele momento ninguém imaginava o que enfrentaríamos neste ano. Se eram necessários mais argumentos e estudos para a viabilidade da telemedicina no Brasil, eles já não fazem mais sentido agora. Nunca esse suporte online foi tão necessário quanto está sendo nessa crise causada pela pandemia de COVID-19.

A verdade é que a telemedicina já é bastante difundida em outros países, mas aqui ainda não temos o hábito de pedir orientações médicas de forma digital. Ainda temos o costume de frequentar consultórios, clínicas e hospitais e ficar frente a frente com o médico. Entretanto, evitar esse tipo de deslocamento habitual é de extrema importância diante dessa pandemia.

A principal característica da telemedicina é a de disponibilizar acesso à saúde onde existem barreiras físicas. Nesse caso, a barreira física é necessária para evitar a propagação do vírus. Por isso, a prática deve ser amplamente difundida.

Neste momento, precisamos unir esforços em saúde, mais do que em qualquer outra crise vivida nas últimas décadas. Certamente a telemedicina será uma grande aliada nesse desafio que será diário.

Assim como o Brasil, diversos países verificaram a eficácia desse recurso. É o caso do departamento de saúde dos Estados Unidos que recomenda o uso da telemedicina para ajudar no controle da doença.

Entre os serviços que podem ser disponibilizados, a teleorientação e o telemonitoramento serão os mais essenciais. Por meio desse acompanhamento será possível disponibilizar informações corretas sobre o coronavírus, em meio à onda de desinformação que circula online.

Além disso, os profissionais de saúde poderão orientar quanto ao tratamento e monitorar à distância a evolução de sintomas dos pacientes. Isso vai trazer segurança ao cidadão que não precisará se deslocar, se expondo ainda mais ao risco de contaminação, e ao profissional de saúde que poderá dedicar esforços aos atendimentos que exigem suporte clínico.

Talvez por questões culturais não tenhamos avançado anteriormente nesse campo, mas agora precisamos dessa agilidade de decisões. Esse também será um momento de aprendizado para avaliarmos os parâmetros que serão necessários para evoluirmos esse debate no Brasil.

É fato que em poucos dias o COVID-19 deve tomar proporções ainda maiores, principalmente nos grandes centros urbanos. O momento não exige exasperação, mas sabedoria para que podemos enfrentar juntos mais esse desafio, cuidando daqueles que são mais frágeis e precisarão de maior assistência.