A Unimed-Rio, cooperativa médica com cerca de 1 milhão de usuários, fará uma chamada de capital junto aos seus 5,3 mil médicos cooperados para cobrir uma parte do passivo. O valor da capitalização deve ficar na casa dos R$ 200 milhões, segundo fontes do setor.

O plano de reestruturação prevê ainda a venda do hospital e da sede da Unimed-Rio, localizados na Barra da Tijuca, no Rio, que pode render até R$ 900 milhões.

O superintendente-geral da Unimed-Rio, Alfredo Cardoso, confirmou que haverá uma capitalização, mas não deu detalhes dos valores envolvidos. “O plano de saneamento prevê a mobilização de ativos, mas o momento econômico no país não é auspicioso para venda. Vamos levar à assembleia do fim deste mês uma proposta de capitalização para os cooperados, mas que não venha penalizá-los muito”, disse Cardoso. O plano de reestruturação precisa ser apresentado no início de maio à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A legislação prevê que os cooperados têm direito aos lucros, mas também precisam fazer aportes em caso de prejuízo.

Segundo Cardoso, há um acordo não vinculante com um fundo de private equity para venda do hospital Unimed-Rio, principal ativo do grupo avaliado em cerca de R$ 750 milhões. Essa transação prevê ainda um acordo comercial para as áreas de oncologia e cardiologia do hospital que seriam transformadas num novo braço de negócios. Parte da receita seria compartilhada com a Unimed-Rio que, por sua vez, daria preferência para que seus usuários de oncologia e cardiologia sejam atendidos nessa nova área.

Um primeiro plano de recuperação foi apresentado à ANS no ano passado, mas recentemente a legislação mudou e passou a permitir que o plano seja executado em até três anos, antes o prazo era de um ano e meio. Com isso, a Unimed-Rio pediu para refazer o plano de reestruturação que será enviado à ANS no início de maio. A agência determinou a apresentação de um plano de recuperação para cobrir os seguintes passivos: R$ 400 milhões em ativos garantidores, R$ 800 milhões de margem de solvência e capital ativo circulante. Esses débitos não se somam, uma vez que ao melhorar um desses indicadores o valor do outro também é reduzido.

A dívida bancária da cooperativa é de R$ 540 milhões, com prazos de pagamento até 2020. Já as dívidas fiscal e tributária são da ordem de R$ 600 milhões, mas ambas foram renegociadas com amortização em 15 anos.

A Unimed-Rio está em regime de direção fiscal desde março de 2015 e no mês passado estendeu por mais um ano a medida que prevê a presença de um profissional da ANS dentro da cooperativa para acompanhar o desempenho econômico e financeiro.

Segundo Cardoso, o passivo deve ser coberto nos próximos anos com a geração de caixa. Em 2015, o resultado operacional foi positivo, em R$ 88 milhões, revertendo com isso o Ebit negativo de R$ 512 milhões registrado em 2014.

A última linha do balanço também apresentou melhoras. O prejuízo diminuiu de R$ 572 milhões para R$ 43 milhões, ou seja, uma queda de 92,5% entre 2014 e 2015. “As ações de gestão começaram a apresentar resultados em 2015. A taxa de sinistralidade caiu de 86,6% para 79,1%”, disse Cardoso. A queda na sinistralidade deve-se a um aumento de 6,5% na receita que somou R$ 4,9 bilhões e uma queda de 7% nos custos médicos. Cardoso foi contratado há cerca de dois anos para reestruturar a Unimed-Rio. Antes disso, presidiu a Amil Dental e foi diretor da ANS.