Apostar todas as fichas na espera de uma vacina para combater o novo coronavírus pode ser um caminho arriscado. Isso porque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma imunização contra o vírus pode nunca chegar ou não ser eficiente para barrar a transmissão, já que pode fornecer um bloqueio temporário à doença. O alerta foi dado nesta segunda-feira (3/8) pelo diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom, em coletiva de imprensa.

“Não existe uma bala de prata no momento e pode nunca existir”, afirmou Tedros, se referindo aos avanços na procura por uma vacina contra a covid-19. Atualmente, a OMS reconhece 164 imunizações em desenvolvimento, 25 delas já em fase avançada com testares clínicas. Mesmo diante dos esforços e rapidez para encontrar a vacina, o diretor disse que ainda há a possibilidade de que as doses não sejam eficientes ou que só protejam por um curto período de tempo, não servindo como a cura esperada.
Para ter certeza, é necessário que os testes sejam concluídos. Mesmo depois de uma resposta positiva nesta fase, o mundo ainda deverá imunizar a população, o que deve ser um processo longo e, por isso, boa parte das pessoas ainda ficará exposta ao coronavírus. Os alertas vieram em um tom de frisar a necessidade de se manter as medidas de distanciamento social, de etiqueta de higiene e uso de máscaras, por exemplo. “O mundo nunca viu algo assim desde 1918 e o impacto será sentido por décadas. Mas o seu controle está em nossas mãos”, disse Tedros.
Ao governo brasileiro, o diretor orientou que é preciso “dar a volta por cima” e não desistir, já que a grave situação com média de mil mortes diárias e 50 mil novos casos pode ser revertida. Quem também comentou sobre a situação do país foi o diretor de operações da OMS, Mike Ryan. “A situação no Brasil continua sendo de grande preocupação, com muitos estados relatando aumentos de casos”, disse.
Apesar de admitir que não é uma tarefa fácil e não há solução simples, Ryan recomenda que os gestores apertem um “botão de reset” e reavaliem todas as estratégias de lidar com a doença, levando em consideração a ótica social, política e econômica. “É um compromisso sustentável”, destacou.