A Hospitalar terminou e agora começamos a contagem regressiva para o Healthcare Innovation Show (HIS), o principal evento de inovação e tecnologia em saúde da América Latina. Para começar o aquecimento desse evento que busca discutir o futuro, convidamos o médico e empreendedor Thiago Liguori, que compartilhou sua visão sobre o presente e o futuro da inteligência artificial (IA) na saúde.
Fundador da Turi, um copiloto de IA voltado para médicos, ele defende que gestores, professores e profissionais da saúde precisam encarar a tecnologia com curiosidade, estratégia e, acima de tudo, preparo.
Da curiosidade à implementação: o que os gestores e professores precisam saber
Segundo Liguori, um dos principais pontos de atenção para os gestores de saúde ao aplicar IA é entender que boa parte das soluções ainda está em estágio inicial, tanto em desenvolvimento quanto em validação prática. “Mesmo empresas consolidadas, como Google e Microsoft, estão testando suas soluções com clientes corporativos. É necessário paciência e, principalmente, clareza sobre qual dor a tecnologia pretende resolver”, afirma.
Essa visão dialoga com uma necessidade urgente do setor: a priorização. “A IA pode impactar diversas frentes dentro de uma instituição, mas é fundamental começar por uma dor específica e avançar com foco”, recomenda o especialista.
O avanço da IA também impõe desafios ao ensino médico. Para Liguori, que é coordenador do curso de IA generativa para médicos na Afya, professores das faculdades de medicina devem buscar capacitação contínua, uma vez que a maioria vem de trajetórias assistenciais e não tecnológicas. “É preciso entender como usar essas ferramentas de forma segura, com atenção à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e mostrar isso aos alunos na prática”, explica.
Soluções que estão ganhando espaço
Entre as ferramentas mais promissoras, Liguori destaca duas frentes: agentes de IA voltados para tarefas administrativas, como agendamentos – caso da brasileira PsychoAI, que atua na automação de processos operacionais em clínicas e consultórios -, e os chamados copilotos médicos, que gravam, transcrevem e resumem consultas, gerando prontuários de forma automática. Essas ferramentas estão ganhando força tanto no Brasil quanto no exterior.
No cenário internacional, ele menciona soluções como a Nabla, startup francesa especializada em copilotos para médicos, e a Nuance, adquirida pela Microsoft, responsável pelo Dragon Copilot, tecnologia que está sendo redesenhada para aprimorar a documentação clínica em tempo real. Além dessas, surgem plataformas voltadas para triagem de pacientes e até para psicoterapia assistida por IA.
Essas soluções têm potencial de liberar o tempo dos profissionais de saúde para atividades mais estratégicas e humanizadas, além de reduzir erros na documentação clínica. Um estudo publicado no Journal of Medical Systems (2023) apontou que o uso de IA para apoio à documentação clínica pode reduzir em até 40% o tempo gasto com tarefas administrativas.
Tendências para os próximos anos
Entre as tendências que devem ganhar mais tração, Liguori aposta no uso da IA para apoio à decisão clínica, criação de documentos e diagnóstico por imagem. Ele cita como exemplo o Hospital Israelita Albert Einstein, que já utiliza machine learning para pré-análise de exames no pronto-socorro.
Além da IA, outras tecnologias também devem moldar o futuro da saúde: dispositivos vestíveis, genômica acessível e soluções voltadas à longevidade são apostas fortes. “Wearables que integram dados em tempo real ao prontuário eletrônico estão se tornando realidade. E testes genéticos, que antes eram restritos por custo, hoje estão mais acessíveis e podem ajudar na prevenção e no estilo de vida personalizado”, destaca.
HIS como palco de inovação e conexões
Tendo participado de quatro edições do HIS, Liguori reforça o papel do evento como catalisador da inovação em saúde no Brasil. “É um dos melhores eventos da América Latina. Traz visibilidade para as soluções que estão sendo desenvolvidas e permite conexões valiosas com outros profissionais e empreendedores”, afirma.
O evento, que chega à sua edição mais madura em 2025, será realizado nos dias 1º e 2 de outubro, no São Paulo Expo, consolidando-se como um espaço onde o ecossistema de saúde pode discutir, experimentar e, acima de tudo, aprender a aplicar a tecnologia de forma efetiva.
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