As operadoras de planos de saúde médico-hospitalares registraram um lucro líquido histórico de R$ 6,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025, mais do que o dobro do mesmo período de 2024, quando se apurou R$ 3,1 bilhões. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (3) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e mostram que o desempenho é o maior já registrado por planos de saúde nos três primeiros meses do ano desde a série histórica, em 2018.

Somente os resultados operacionais — que desconsideram aplicações financeiras, por exemplo — já demonstram forte melhora, com um lucro de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre de 2025, ante prejuízo de R$ 3,1 bilhões no ano anterior (R$ 3,1 bilhões em despesas a mais que as receitas assistenciais).

Segundo a ANS, o bom desempenho é explicado pela redução de sinistralidade — indicador que mede quanto da receita foi gasta com despesas assistenciais. A taxa ficou em 80,6% no primeiro trimestre, contra 86,6% no mesmo período do ano anterior.

“Isso significa que a despesa assistencial está proporcionalmente menor. Se compararmos com os anos anteriores, é notada a sociedade”, afirmou Jonas Aquino, diretor de normas e habilitação das operadoras da ANS.

O resultado operacional e o resultado financeiro compõem o resultado líquido. No caso das operadoras médico-hospitalares, o resultado financeiro foi também o mais alto já registrado, de R$ 5,1 bilhões no trimestre, acima dos R$ 4 bilhões do mesmo período de 2024.

A explicação para o resultado financeiro positivo está, segundo a ANS, no aumento das receitas com aplicações financeiras. Apesar do cenário de prosperidade financeira, a situação tem gerado controvérsia em setores da economia e do escrutínio público. Consumidores questionam os reajustes anuais dos planos, que costumam superar a inflação. Além disso, entidades de defesa do consumidor alertam para a necessidade de maior transparência nos critérios de definição dos aumentos.

Para Marina Paulielli, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), “o lucro das operadoras de planos de saúde não deveria crescer em proporção tão acentuada sem que haja contrapartidas claras em termos de qualidade, acesso e moderação nos reajustes”. Segundo ela, “enquanto os índices de lucratividade batem recordes, aumentos expressivos continuam sendo repassados ao consumidor, mesmo em períodos nos quais não se verificam, afirmações contrárias”.