A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) quer mudar as regras dos planos de saúde no Brasil. Mas, antes mesmo de entrar em vigor, a proposta já enfrenta resistência. Servidores da própria agência divulgaram um manifesto apontando riscos para os consumidores e criticando o tempo curto de testes da medida. O documento fortalece o pedido do senador Nelsinho Trad (PSD-MS) para que a ANS vá ao Senado explicar melhor a ideia “Diante dessas preocupações, solicitei audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado para que a ANS possa se explicar com transparência para a sociedade brasileira”, afirmou Trad.

O que está em jogo? Três pontos principais: mudanças na mamografia, possibilidade de cancelamento unilateral de planos coletivos e um novo modelo de plano, que pode dificultar o acesso a internações e emergências.

O que muda nos planos de saúde? – A ANS garantiu que não haverá mudanças na cobertura de mamografia para mulheres a partir dos 40 anos. Mas, mesmo assim, o anúncio gerou confusão e insegurança. “As informações desencontradas deixam as pessoas apreensivas e fazem com que muitos acreditem que perderão direitos que são fundamentais”, disse o senador.

Outro ponto que preocupa consumidores e especialistas é a possibilidade de cancelamento unilateral de planos coletivos. O Ministério Público Federal já alertou que a medida pode afetar especialmente pessoas com autismo e doenças raras, que dependem de acompanhamento contínuo.

A maior polêmica, no entanto, gira em torno do novo modelo de plano de saúde. Apelidado por críticos de “água com açúcar com melhoral”, ele pode dificultar o acesso a internações e emergências. Em outras palavras, o consumidor pagaria por um plano mais barato, mas com menos cobertura — e, na prática, poderia acabar sem assistência quando mais precisasse.

Senado quer explicações – Com todas essas incertezas no ar, o senador Nelsinho Trad solicitou uma audiência pública para debater o assunto. O requerimento já foi apresentado e aguarda aprovação da Comissão de Assuntos Sociais do Senado. Se for aprovado, a ANS terá que dar explicações para parlamentares e representantes da sociedade civil.

Entre os convidados para a audiência estão a própria ANS, a Assetans (associação que representa os servidores da agência), o Ministério da Saúde, o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e entidades de defesa dos consumidores.

A ideia é que todas as dúvidas sobre as mudanças sejam esclarecidas antes de qualquer decisão definitiva. “É essencial que esse debate seja feito de forma aberta e transparente, garantindo que a população tenha acesso a informações claras sobre o que pode mudar e quais serão os efeitos dessas alterações”, afirmou Trad.

O que vem agora? – Enquanto a audiência não acontece, o manifesto dos servidores segue circulando e mobilizando especialistas do setor. A pressão pode levar a ANS a rever sua proposta ou, no mínimo, a esclarecer melhor quais serão os impactos para os consumidores.

Para milhões de brasileiros que dependem de planos de saúde, o debate é crucial. Afinal, qualquer mudança que dificulte o acesso a tratamentos, exames ou internações pode significar uma grande diferença na vida de quem precisa de atendimento médico.