Muito tem se discutido sobre as potencialidades da Inteligência Artificial Generativa (GenAIs, em inglês). No que diz respeito a operadoras de saúde, pode ser uma ferramenta para minimizar os desafios da saúde privada diante do envelhecimento populacional e das novas fronteiras da telemedicina.

O assunto foi um dos pontos debatidos no Future of Digital Health International Congress, que ocorreu durante a Hospitalar 2024. Saiba o que esse tipo de plataforma pode fazer em prol da sustentabilidade da saúde suplementar.

Desafios da saúde privada no envelhecimento populacional 

Um dos pontos principais levantados, durante o congresso, foi a questão do envelhecimento populacional e seus impactos na saúde privada. Com o aumento da expectativa de vida e a prevalência de doenças crônicas, o sistema de saúde enfrenta grandes desafios de custeio e capacidade de atendimento. Guilherme Hummel, curador do congresso, destacou que a população acima dos 60 anos continuará crescendo até meados deste século, aumentando significativamente a demanda por serviços de saúde.

A pandemia de Covid-19 exacerbou as deficiências existentes, criando um descompasso significativo entre a necessidade dos pacientes e a capacidade dos sistemas de saúde de prover serviços adequados. A inflação médica foi identificada como uma consequência inevitável desse descompasso, o que exige a reorganização do sistema de saúde em torno de princípios de autocuidado e eficiência.

Inteligência artificial e saúde suplementar 

A aplicação de IA também pode ajudar a resolver problemas de alto custo, cobertura insuficiente e desigualdade de acesso. Felipe Cezar Cabral, Gerente Médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento, e Marcos Roberto Loreto, Diretor Técnico Médico da Omint, entre outros, compartilharam exemplos práticos de como instituições estão utilizando a IA para melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços.

A IA está sendo empregada para reduzir fraudes e desperdícios, por exemplo. Há estimativas de que 12% dos recursos da saúde suplementar são perdidos nesses processos, representando cerca de R$ 30 bilhões. Além disso, a IA está sendo utilizada para auxiliar médicos no registro eletrônico de saúde dos pacientes, proporcionando uma visão mais completa e integrada das informações clínicas, melhorando a assertividade dos diagnósticos e tratamentos.

Telemedicina e acesso à saúde 

A telemedicina foi amplamente discutida como uma ferramenta essencial para ampliar o acesso à saúde, especialmente durante a pandemia. Cabral destacou que, durante as enchentes em Porto Alegre, a tecnologia foi indispensável para mapear áreas afetadas e identificar colaboradores e pacientes mais vulneráveis, proporcionando suporte direcionado e eficiente.

Entretanto, o futuro da telemedicina também levanta questões sobre a integração de IA nesses processos. A capacidade de uma IA conduzir consultas médicas, sugerir diagnósticos e tratamentos, e até mesmo monitorar pacientes remotamente está sendo explorada. Embora ainda haja desafios a serem superados, como a regulação e a aceitação pelos profissionais de saúde, a tendência é que a telemedicina e a IA se tornem cada vez mais integradas, proporcionando um atendimento mais acessível e personalizado.

Futuro da saúde: personalização e prevenção 

O futuro da saúde, conforme discutido no congresso, aponta para uma medicina cada vez mais personalizada e preventiva. Com o advento de tecnologias avançadas, como a fabricação de órgãos sobressalentes e dispositivos de monitoramento remoto, espera-se que os tratamentos se tornem mais precisos e adaptados às necessidades individuais dos pacientes.

A criação de políticas públicas que garantam o acesso equitativo a essas tecnologias foi destacada como uma necessidade urgente. A inclusão digital e a integração de prontuários eletrônicos são vistas como medidas fundamentais para assegurar que todos os cidadãos possam se beneficiar dessas inovações. Além disso, a conscientização sobre a importância do autocuidado e a promoção de hábitos saudáveis foram identificadas como áreas críticas para a construção de um sistema de saúde mais sustentável e eficiente.

Essas discussões realizadas no fórum ressaltam a complexidade e as oportunidades que a transformação digital traz para a saúde suplementar. A integração de IA, a expansão da telemedicina e o foco na personalização e prevenção são tendências que prometem revolucionar o setor. No entanto, é essencial que essas inovações sejam acompanhadas por políticas públicas robustas e inclusivas. Somente com essas medidas será possível garantir o acesso equitativo a todos os cidadãos e promover um sistema de saúde mais justo e eficiente.

Enquanto olhamos para o futuro, é fundamental continuar a explorar e implementar essas tecnologias de forma ética e responsável, garantindo que os benefícios sejam amplamente distribuídos e que os desafios sejam enfrentados com soluções inovadoras e sustentáveis. O caminho para um sistema de saúde transformado está diante de nós, e cabe a todos os atores do setor, incluindo governos, instituições de saúde e profissionais, trabalhar juntos para moldar esse futuro promissor.