A saúde privada no Brasil tem passado por mudanças significativas, impulsionadas por aquisições, sociedades e parcerias estratégicas. Com nomes como Rede D’Or, SulAmérica, Bradesco e Fleury à frente dessas movimentações, o objetivo principal é ganhar em escala, eficiência e controle de custos. Esse cenário, entretanto, ainda levanta dúvidas sobre o futuro dos usuários que poderão ver seus atendimentos concentrados em grupos específicos.

A pandemia de COVID-19 intensificou a busca por parcerias entre planos de saúde e hospitais. Com a alta das despesas de assistência, as operadoras de planos médico-hospitalares voltaram a apresentar resultados positivos somente no primeiro semestre de 2023, acumulando receitas superiores às despesas em R$ 2,4 bilhões, conforme a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No entanto, isso não aliviou os aumentos nos planos de saúde, que em 2024 subiram 13,8% para os planos coletivos.

Parcerias na Saúde Privada: Como Isso Afeta Você?

Os acordos e fusões no setor de saúde privada têm como objetivo garantir a sustentabilidade financeira e oferecer um atendimento mais eficiente aos usuários. Segundo Vinicius Figueiredo, analista de Saúde do Itaú BBA, as operações em rede fechada – onde o atendimento ocorre em hospitais e clínicas próprios das operadoras – reduzem custos e permitem um maior controle sobre a jornada do usuário.

No entanto, existem outras formas de trazer mais eficiência além de apenas adquirir hospitais. Estrategicamente, fechar pacotes de serviços entre planos de saúde e redes hospitalares pode fidelizar usuários e tornar os preços mais vantajosos para as operadoras.

Qual o Custo da Livre Escolha na Saúde Privada?

Mário Vasconsellos, líder de Saúde da Accenture Brasil, indica que o modelo tradicional onde o usuário tem livre escolha de médicos e hospitais gera um custo elevado. Muitos usuários acabam tomando decisões desnecessárias, preferindo pronto-socorros ou hospitais de alta complexidade quando uma consulta virtual ou um médico de família poderia resolver o problema a um custo menor.

O mercado de saúde privada ainda tem espaço para mais consolidações e parcerias, como observa Vasconsellos. Mesmo com grandes redes como Hapvida, Rede D’Or e Dasa, que representam apenas 20% dos leitos disponíveis no país, ainda há muito a ser explorado.

Quais São as Perspectivas Futuras para a Saúde Privada?

Marcos Novais, diretor executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), é um entusiasta do modelo de integração entre prestadores e pagadores. Segundo ele, novas parcerias estratégicas devem trazer benefícios significativos, ampliando o acesso e oferecendo soluções que atendam à crescente demanda por serviços médicos de qualidade.

  • Modelos de integração buscam melhorar a eficiência e reduzir custos.
  • Aumenta a previsão de expansão com novas parcerias e aquisições.
  • Empresas como Mater Dei e Atlântica D’Or já estão explorando esse mercado com novos investimentos.

Uma dessas iniciativas é a criação da Atlântica D’Or, uma parceria entre Bradesco Saúde e Rede D’Or, que visa melhorar o acesso aos cuidados de saúde fora dos grandes centros urbanos. A Bradesco Saúde, por meio da Atlântica, já firmou diversas sociedades, como com a Beneficência Portuguesa de São Paulo e Fleury para oncologia, e com o Albert Einstein para um novo hospital na capital paulista.

O Papel das Parcerias Filantrópicas no Setor

Mesmo hospitais filantrópicos em São Paulo estão se unindo. Seis grandes hospitais se associaram para formar a Associação dos Hospitais Filantrópicos Privados (Ahfip). O objetivo é aprofundar as discussões e propostas sobre setor em parceria com agências reguladoras e operadoras de planos de saúde.

  1. A.C.Camargo Cancer Center
  2. Beneficência Portuguesa
  3. HCor
  4. Hospital Alemão Oswaldo Cruz
  5. Hospital Moinhos de Vento
  6. Sírio-Libanês

Tais iniciativas visam não apenas reduzir os custos, mas também garantir que o atendimento seja de alta qualidade. As recentes aquisições e parcerias no setor de saúde privada são uma resposta à necessidade crescente de oferecer serviços sustentáveis, acessíveis e eficazes para toda a população.