O Instituto Ética Saúde (IES) realizou o 1º Fórum de Integridade na Saúde em São Paulo, no dia 7 de agosto, em parceria com o Instituto ARC e a ESENI. O evento, parte do Expo Compliance, contou com a participação de figuras-chave do setor. A presidente do Conselho de Administração do IES, Cândida Bollis, abriu o fórum ao lado de Giovani Saavedra, Head de Direito Digital e Compliance do Saavedra & Gottschefsky, e dos diretores executivos e de Relações Institucionais do IES. Filipe Venturini Signorelli descreveu o fórum como “a materialização da ética”, enquanto Carlos Eduardo Gouvêa destacou o papel fundamental do IES como “uma referência internacional e uma grande conquista em termos de autorregulação”.

O evento reuniu líderes do mercado com o objetivo de formar uma rede de pessoas e empresas comprometidas com a integridade corporativa no Brasil.

Desafios de compliance na saúde 

No primeiro painel, foram discutidos os desafios de compliance no setor da saúde. Juliana Ruggiero, Compliance Director da Abbott, enfatizou a crescente importância do compliance nas decisões corporativas. Sabrina Pezzi, gerente executiva Jurídico e Compliance na Unimed Porto Alegre, refletiu sobre a evolução do compliance nas empresas, apontando que “hoje, o compliance é guiado por comportamentos, mas o desafio é estabelecer mecanismos objetivos”.

Janaína Pavan, diretora LATAM de Compliance na Johnson & Johnson, abordou as fusões e aquisições no mercado, afirmando que “os grupos maiores têm maior maturidade em compliance e promovem boas práticas, mas é crucial que as autoridades monitorem possíveis abusos.” O painel foi mediado por Giovani Saavedra.

Due Diligence e a integridade na cadeia de terceiros no setor da saúde 

O segundo painel discutiu a Due Diligence e a integridade na cadeia de terceiros no setor da saúde. Davi Uemoto, gerente executivo da ABRAIDI, destacou a necessidade de um sistema de compliance abrangente e eficaz. Liana Cunha, diretora de Compliance para Brasil e América Latina da Thermo Fisher Scientific, enfatizou a importância do envolvimento da alta liderança para disseminar a integridade por toda a empresa e melhorar os negócios de forma sustentável. Bianca Bertoloto, gerente de Compliance na Medartis, reforçou a ideia de que “o trabalho de compliance maximiza os negócios e minimiza os riscos, e é essencial integrar os parceiros ao sistema.” Sandro Ottoboni, gerente de Qualidade e Assuntos Regulatórios da Braille Biomédica, alertou que a Due Diligence é apenas uma fotografia do momento e que é necessário ir além, estruturando a gestão dos terceiros.

Regulação no setor da saúde 

A regulação no setor da saúde foi tema de um dos debates mais acalorados. Cândida Bollis, presidente do Conselho de Administração do IES, discutiu as dificuldades da regulação e autorregulação em um setor com tantos atores envolvidos, ressaltando a necessidade de buscar soluções sustentáveis para o acesso do paciente. Alethea Pereira, assessora legislativa da Frente Parlamentar Mista da Saúde, sublinhou a complexidade da gestão da saúde e destacou a falta de conhecimento sobre compliance no Congresso, sugerindo a criação de um curso para assessores parlamentares, uma proposta prontamente aceita pelo IES.

Rafael di Bello, diretor da unidade de Auditoria Especializada na Saúde do TCU, esclareceu os desafios financeiros do SUS, que enfrenta um déficit de R$ 57 bilhões, mesmo com auditorias de conformidade, desempenho e financeira. José Santana, médico sanitarista e assessor de Conformidade e Controle Interno da Rede Ebserh, apresentou dados sobre a complexidade e abrangência da rede, que atende 100% SUS com 45 unidades hospitalares em 25 estados.

Amanda Bassan, gerente executiva na UNIDAS, pontuou que debater compliance ajuda a delimitar conflitos de interesse e aproxima os setores. Renato Porto, presidente executivo da Interfarma, orgulhosamente destacou o pioneirismo da organização na implantação de um código de ética e autorregulação com avaliação externa. Já Sérgio Rocha, presidente da ABRAIDI, criticou a falta de transparência no setor de saúde, ressaltando os cortes de R$ 4,4 bilhões, cuja destinação permanece obscura.

No encerramento, Filipe Venturini Signorelli enfatizou a importância dos líderes presentes para a transformação ética no setor, afirmando que “a mudança está nas mãos daqueles que conduzem o mercado, seja público ou privado. O IES é o maior instrumento para que todos possam trabalhar juntos nesse propósito. Aqui, temos a representação de um grupo que vai mudar o rumo da história da ética na saúde no Brasil.”