A operadora de planos de saúde Prevent Senior, que é voltada ao público da terceira idade, decidiu vender suas operações no Rio de Janeiro. A transação inclui uma carteira de 62 mil usuários, além de uma estrutura que engloba um hospital-dia, uma unidade de oncologia e três clínicas especializadas.

Segundo informações do jornal Valor Econômico, o valor pedido pela companhia para a venda dos ativos é de R$ 1 bilhão, equivalente à receita anual da operação carioca, que iniciou suas atividades em 2019.

De acordo com a publicação, a empresa manteve conversas com outras operadoras de planos de saúde, como MedSenior e Leve Saúde, que também atendem o público da terceira idade. Informalmente, a Hapvida (HAPV3) também teria sido sondada durante o processo.

Prevent Senior: foco das operações será em São Paulo

Fernando Parrillo, presidente da Prevent Senior, confirmou a intenção de vender a operação no Rio de Janeiro. Contudo, ele destacou que, caso as negociações não avancem, a empresa seguirá com seus investimentos e manterá a carteira de clientes na cidade.

Apesar de a unidade ser lucrativa, Parrillo afirmou que o foco da operadora continuará em São Paulo, onde a Prevent Senior possui uma rede consolidada com 11 hospitais e quatro pronto-atendimentos. Isso permite que grande parte dos atendimentos médicos da empresa seja realizada em instalações próprias, garantindo maior eficiência operacional.

É um movimento ancorado em ganho de escala, eficiência e controle de custos, e que tende a aliviar as pressões sobre o reajuste nos planos de saúde. Mas não está claro ainda se, no futuro, poderá direcionar os usuários a ter seu atendimento concentrado em grupos específicos de hospitais, clínicas e seus profissionais.

A busca por parcerias entre planos e hospitais foi impulsionada pelo salto nas despesas de assistência, sobretudo após a pandemia, quando muitos usuários retomaram a busca por atendimentos de saúde represados.
O setor ficou no vermelho desde 2021 e só agora, no primeiro semestre deste ano, as operadoras de planos médico-hospitalares tiveram o primeiro resultado operacional positivo desde então, com as receitas superando as despesas em R$ 2,4 bilhões, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Na ponta do consumidor, isso significou anos seguidos de reajustes acima da inflação. Em 2024, nos planos coletivos, a alta foi de 13,8%.

As aquisições, sociedades e joint ventures concluídas no setor refletem esse cenário de busca por uma maior sustentabilidade financeira. Vinicius Figueiredo, analista de Saúde do Itaú BBA, explica que a operação de saúde em rede fechada — quando o atendimento do paciente dos planos acontece em hospitais e clínicas próprios da operadora — reduz os custos pelo maior controle da empresa sobre toda a jornada do usuário. Mas esses ganhos também podem vir através de outros modelos.

— Quando você tenta trazer mais eficiência, não precisa comprar um hospital. Pode ser uma estratégia mais contratual, como fechar um pacote entre plano de saúde e rede hospitalar no qual os usuários ficam fidelizados, e os preços se tornam mais vantajosos para a operadora, já que há previsibilidade maior dos custos na negociação com o prestador.