Um relatório internacional, que contou com a participação do oncologista brasileiro Dr. Carlos Barrios, alerta sobre a falta de dados e o cenário oculto do câncer de mama. O estudo, intitulado Relatório da Comissão Lancet de Câncer de Mama, foi lançado oficialmente nesta terça-feira (16/4) em Cambridge, no Reino Unido.

O câncer de mama é atualmente o tipo de neoplasia mais comum entre a população mundial. No final de 2020, cerca de 7,8 milhões de mulheres estavam vivas, tendo sido diagnosticadas nos cinco anos anteriores. No mesmo ano, 685 mil pacientes morreram em decorrência da doença. No Brasil, são estimados mais de 73 mil novos casos por ano até 2025, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer.

O relatório indica a existência de diversos pontos ocultos no cenário do câncer de mama, desde a falta de diagnóstico ou a subnotificação, até o desconhecimento da chamada recidiva ou metástase da doença. Isso aumenta os custos de operação em sistemas de saúde já limitados e contribui para o maior sofrimento físico e mental dos pacientes e de suas famílias.

“O impacto do câncer de mama é muito abrangente e os estudos incluídos no nosso relatório indicam o enorme sofrimento relacionado e as experiências negativas que se identificam em todas as fases da doença”, afirma o Dr. Carlos Barrios, da Oncoclínicas e do Centro de Pesquisa em Oncologia do Hospital São Lucas, Porto Alegre.

O relatório também destaca que, enquanto se registra uma diminuição superior a 40% na mortalidade por câncer de mama na maioria dos países mais desenvolvidos e de maior renda, o cenário futuro é alarmante para as nações menos favorecidas. Estimativas sugerem que a incidência global aumentará de 2,3 milhões de novos casos em 2020 para mais de 3 milhões em 2040, incluindo 1 milhão de mortes causadas pela doença anualmente.

Os custos e o sofrimento oculto relacionados ao câncer de mama podem ser financeiros, físicos, psicológicos, emocionais e sociais, com impacto nos pacientes, nas famílias e na sociedade em geral. “São necessárias novas ferramentas e métricas para expor estes custos, para que as necessidades das pessoas com a doença possam ser atendidas em todo o mundo”, destaca o Dr. Carlos Barrios.

A comissão apela para que 100% dos profissionais de saúde em 100% dos países recebam formação em competências de comunicação e para o envolvimento dos pacientes em todas as fases da investigação clínica sobre o câncer de mama, desde a concepção dos estudos até à tradução para a prática clínica.