O aumento significativo dos casos de dengue no País em fevereiro, registrado pelo Ministério da Saúde, reflete-se também no ambiente online. Um levantamento realizado pela Conexa, ecossistema digital de saúde integral, líder na América Latina, constatou crescimento de casos prováveis da doença identificados no Pronto Atendimento Virtual, recentemente.

A cada mil consultas realizadas em fevereiro, 57,2 foram identificadas como casos prováveis de dengue. Em comparação com igual período de 2023, registra-se alta de 718%. Na ocasião, eram 7 pacientes com a doença por mil atendimentos. A primeira quinzena de fevereiro havia fechado com 44,9 por mil. A doença está em alta, em 2024, também no ambiente virtual.

A coleta de informações ocorreu pela plataforma de Health Analytics da startup e a base utilizada foi a de clientes Conexa (corporativos e de operadoras de saúde). A healthtech tem acesso a dados técnicos populacionais, anonimamente, de mais de 600 mil pacientes em planos de saúde e de cerca de 400 outras empresas. Os números são utilizados para gestão populacional, em total conformidade com normas da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).

“A métrica utilizada por nós, da Conexa, é uma adaptação daquela tradicionalmente adotada em estudos epidemiológicos”, afirma o médico Henry Sznejder, diretor de Health Analytics e Gestão de Saúde Populacional da Conexa. “Calculamos a taxa de incidência a partir da quantidade de pessoas com uma determinada doença por mil pacientes atendidos, explicou.

Olhando para os números totais de atendimentos, em comparação com anos anteriores, sem levar em conta a quantidade de pessoas por mil pacientes atendidos, a plataforma registrou um crescimento de 194% nos casos de dengue em janeiro equiparado ao mesmo período de 2023. Considerando apenas 2024, houve aumento de 245% de janeiro para fevereiro.

A situação do teleatendimento Conexa acompanha o cenário epidemiológico que o país atravessa. Segundo o Ministério da Saúde, foram registrados mais de 217 mil casos de dengue nas quatro primeiras semanas de 2024. Até o dia 15 de fevereiro, já são mais de 524 mil casos prováveis. Não há indícios de redução para os próximos dias.

“O aumento da doença registrado por nós neste momento aparenta ser mais agressivo e mais precoce do que em anos anteriores”, diz Sznejder. “Nos anos de 2022 e 2023, o pico de dengue ocorreu de abril a maio; neste ano, a taxa de incidência de fevereiro foi quase três vezes maior que a observada em abril e maio dos anos anteriores”, alertou.

Tendência de crescimento

“Acompanhando o painel de monitoramento das arboviroses e fazendo uma análise comparativa dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, é possível dizer que a situação é grave”, ressalta Simone Fernandes, infectologista da Conexa. A especialista chama atenção para a alta incidência da doença, que já ultrapassa os 262 casos prováveis por 100 mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde.

Para a especialista, o número de doentes deve continuar crescendo nos próximos meses. “A tendência é seguirmos em ascensão no número de casos prováveis até um pico, que pode ocorrer no mês de abril, em consequência de um possível aumento das chuvas que acontecem nas últimas semanas de março”, afirma.

Diante do cenário atual, a infectologista reforça que a principal forma de prevenção da dengue é o controle do mosquito vetor. Além disso, é importante que a população tenha conhecimento dos sintomas que podem indicar a doença, como febre alta, dor atrás dos olhos, dor no corpo, dor abdominal, diarreia e manchas na pele.

“Se você acha que está com dengue procure atendimento médico; evite automedicação, respeite o repouso e faça muita hidratação”, orienta a médica.