A Cia. da Consulta, rede de clínicas e tecnologia voltada à saúde, está levantando investimento para expandir sua atuação em um mercado em transformação. Com nove clínicas na Grande São Paulo, a rede que nasceu com foco no público sem plano de saúde já fez cerca de 200 mil atendimentos. Agora quer crescer com parcerias com os planos de saúde. “Nosso foco é ampliar o acesso à saúde de qualidade”, afirma o fundador Victor Fiss.

Fiss vem de uma família de médicos e começou o projeto quando tinha apenas 19 anos. Ele cursava administração no Insper, e abandonou o curso para se dedicar à ideia. O projeto nasceu em 2016 com um piloto dentro da faculdade de medicina da Universidade Federal do ABC. Com os testes feitos, o empreendedor foi em busca de investidores para colocar o negócio de pé.

Dentre os investidores que apostaram na ideia ainda no “Power Point” estão nomes como Marcel Telles, da 3G Capital, Claudio Haddad, fundador do Insper, e Elie Horn, fundador da construtora Cyrela (que não está mais no negócio). “Eu não conhecia nenhum deles, fui com a cara de pau e a pasta embaixo do braço, procurando eventos em que sabia que eles estariam”, diz Fiss. De lá para cá, a Cia. da Consulta já levantou 45 milhões de raeis em investimento.

De 2017 a 2019, o foco da companhia esteve no atendimento ao público sem plano de saúde, com atenção primária, secundária e exames. Para isso, a rede abriu unidades em pontos estratégicos na Grande São Paulo, como shopping centers e locais próximos ao transporte público. O Brasil tem cerca de 160 milhões de pessoas fora do sistema de saúde suplementar, público que está cada vez mais na mira de empresas do setor. As soluções disponíveis no mercado têm se multiplicado, com planos de saúde mais baratos (como é o caso de QSaúde e Sami), e assinaturas que dão direito a desconto em consultas e exames (como faz a Dr. Consulta, pioneira na oferta de serviços para esse segmento da população).

Incentivo à qualidade

Um dos principais focos da Cia. da Consulta para fazer um bom atendimento com preço acessível foi a estruturação de um modelo de remuneração dos profissionais visando garantir a qualidade do atendimento ao paciente. “Investimos em um modelo que garante alinhamento do médico com a qualidade do tratamento, com incentivos para a entrega de uma boa experiência ao cliente. Meu médico não tem incentivo para gerar custo desnecessário”, afirma Fiss. Para isso, uma das ferramentas usadas é o NPS (Net Promoter Score), metodologia que mede a satisfação do cliente numa escala de -100 a 100.

Outro investimento importante foi em tecnologia. “As soluções que encontramos no mercado não funcionavam bem, o agendamento demorava, a personalização era mais difícil. Decidimos desenvolver a nossa própria tecnologia”, diz. A Cia. da Consulta criou então uma solução que é usada em toda a operação, o que deu autonomia e flexibilidade ao negócio.