O mercado brasileiro de planos de saúde encerrou fevereiro com 47,7 milhões de beneficiários, o que representa uma retração de 2,7% ou a perda de 1,3 milhão de vínculos na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em relação a janeiro, o número permaneceu praticamente estável, com uma leve variação positiva de 0,3%, o que equivale a 143,9 mil novos vínculos. Os números integram a nova edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), produzida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar com base nos dados da ANS que acabam de ser atualizados.

Na avaliação do superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, os dados devem ser analisados com bastante cautela. “Os números de beneficiários devem ser analisados, sempre, com base na variação de 12 meses”, alerta. “A variação mensal costuma ser imprecisa, pois além de ignorar comportamentos sazonais, os dados costumam ser corrigidos depois pela ANS”, completa.

O executivo lembra que, recentemente, houve um caso muito similar. “Em agosto de 2016 o mercado ensaiou comemorar uma alta no total de beneficiários após 14 quedas consecutivas. Contudo, no mês seguinte, os números foram corrigidos indicando outra retração.”

Carneiro destaca, ainda, que não há qualquer indicação de que o mercado irá mudar a tendência e retomar o crescimento nos próximos meses. “Enquanto a situação econômica do País não mudar e, principalmente, o saldo de empregos voltar a crescer, provavelmente não teremos aumento significativo no total de beneficiários. No máximo, veremos alguns soluços”, analisa.

De acordo com a NAB, o total de beneficiários com planos coletivos empresariais (aqueles fornecidos pelas empresas para seus colaboradores) recuou 2,7% entre fevereiro de 2017 e o mesmo mês do ano passado. O significa 862,9 mil vínculos a menos. Mesmo com a queda, esse tipo de plano responde 66,4% dos contratos dos planos de saúde médico-hospitalares no Brasil. No mesmo período, 261,3 mil beneficiários de planos individuais ou familiares romperam os vínculos com seus planos. Retração, também, de 2,7%. Com o resultado, os planos individuais respondem por 19,6% dos vínculos no País.

A redução do total de beneficiários foi puxada pelos resultados da região Sudeste, que nos 12 meses encerrados em fevereiro deste ano perdeu 1,1 milhão de vínculos. Queda de 3,6%. Apenas no Estado de São Paulo foram 676,8 mil vínculos rompidos, o que equivale a 51,9% dos 1,3 milhão de vínculos rompidos no País.

Os números do Nordeste também se destacam. A região registrou leve retração de 0,5% em 12 meses, o que significa a perda de 31,2 mil beneficiários. Contudo, três estados apresentaram resultados positivos. Foram firmados 2,7 mil novos vínculos na Paraíba, um leve avanço de 0,6%. No Piauí, 6,9 mil novos beneficiários passaram a contar com plano de saúde, um aumento de 2,4%. E no Ceará, apesar de a alta ter sido proporcionalmente mais modesta, de 0,8%, o total de novos beneficiários foi ainda maior, chegando a 10,1 mil.

Outros três estados, no Norte do País, também registraram aumento do total de beneficiários: Tocantins, com alta de 1,5% (1,6 mil novos vínculos); Acre, com avanço de 3,2% (mais 1,5 mil beneficiários); e, Amazonas, com impulso de 4,1% (21,5 mil novos vínculos).

Carneiro explica que mesmo com o avanço registrado nesses estados, ainda é cedo para projetar uma recuperação no mercado nacional de planos de Saúde. “Esses estados representam uma parcela muito baixa do total de vínculos no País, até por isso, é mais fácil de apresentarem crescimento”, aponta. “Além disso, com a revisão no total de beneficiários que normalmente ocorre, é possível que os resultados desses estados tenham sido mais modestos do que a fotografia do momento está mostrando. Também não podemos desconsiderar a possibilidade de os números, após sua revisão, indicarem uma nova retração.”