Crescimento. Essa foi a palavra presente no discurso de todos os participantes da mesa de abertura da nona edição da Conseguro 2019, que aconteceu nos dias 4 e 5 em Brasília, organizada pela Confederação Nacional das Seguradoras, a CNseg.

E para o mercado segurador crescer, muitas ações já estão em curso, contribuindo para fortalecer a posição do setor dentro do cenário político, econômico e social e o colocando entre os grandes investidores interessados em participar de um novo ciclo virtuoso de crescimento, como afirmou Solange Vieira, titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), em sua fala. “Já fui apresentada a algumas empresas novas, que querem atuar aqui com oferta de produtos totalmente digitais, pelo celular, aos brasileiros”.

Para que isso aconteça, o empenho tem sido na modernização do arcabouço regulatório do setor e em investimentos em tecnologia, visando a criação de novos produtos e a redução de custos, levando, assim, o seguro para a palma da mão do consumidor em condições mais acessíveis. “Pretendemos discutir em Brasília toda a cobertura de proteção pública existente, como o seguro desemprego, por exemplo, avaliando se há espaço para ocuparmos uma fatia maior destes mercados, desonerando o Estado”, informou a superintendente da Susep.

Tais afirmações, aliadas ao encaminhamento político da aprovação das reformas da Previdência e Tributária e do crescimento econômico, vêm ao encontro da expectativa dos executivos de seguros. “Na CNseg, temos repetido o mantra de que o setor de seguros tem muito a contribuir para a retomada do crescimento do Brasil em bases sustentáveis”, ressaltou o presidente da CNseg, Marcio Coriolano. Segundo ele, o país é hoje a nona economia do mundo, mas ainda figura na 50ª posição quando se trata do gasto per capita de seguros, sendo esta a hora de desafiar e mudar, com confiança, essa relação. Coriolano também afirmou que o setor quer estar no centro das políticas públicas, como acontece em várias partes do mundo. Embora ainda distantes do que se vê em países maduros, no Brasil, o setor já representa o equivalente a 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e soma R$ 1,3 trilhão em garantias financeiras. “Isso torna as seguradoras, em conjunto, um dos maiores investidores institucionais do país, com ativos que equivalem a cerca de 25% da dívida pública brasileira”, detalha.

Os desafios do setor abrangem todos os segmentos. De seguro automóvel a títulos de capitalização. Antonio Trindade, presidente da Federação Nacional de Seguros Privados (FenSeg), citou como prioridades estimular o crescimento do seguro automóvel, com produtos mais simples e preços mais acessíveis para a população. Um estímulo veio com a divulgação da Carta Circular Eletrônica 01, de 22 de agosto, que permite o uso de peças automotivas adquiridas fora das concessionárias nos sinistros de automóveis. “Dentro deste tema, temos também na agenda o combate à distribuição de seguros pelas entidades sem regulação”, afirmou.

Desenvolver diversos produtos de seguros é também tema prioritário na FenSeg. “Na semana passada, a Susep aprovou o seguro intermitente, que abre caminho para oferta de produtos das mais variadas modalidades, sob medida para atender consumidores. A normativa estimula a ampliação da base de segurados por meio remoto”, reforçou Trindade. O seguro rural é outro segmento que floresce a olhos vistos no Brasil, contando com o subsidio de R$ 1 bilhão. Temos também no radar os riscos da nova economia, como cibernéticos e de responsabilidade civil, além de nos debruçarmos no seguro de crédito à exportação”, elencou.

O resseguro é um importante apoio para as seguradoras ingressarem em riscos vultosos e também em novos mercados. Por isso, o presidente da Federação de Resseguros (Fenaber), Paulo Pereira, afirmou que o segmento está otimista. “A Fenaber acredita no governo atual, nas reformas e na chegada do capital estrangeiro. Sabemos que o investidor internacional vai se animar e vamos tirar do papel os grandes projetos que o Brasil precisa para sustentar o crescimento. Mas certamente é preciso um esforço extra do setor em relação ao texto-base da nova lei de licitações (PL 1.292/1995), que toma um rumo que não estamos gostando”, alertou.

Lucas Vergilio, deputado federal e autoridade presente na mesa de abertura, buscou tranquilizar Pereira. “Vamos trabalhar no projeto, que em breve chegará ao Senado, para fazermos as devidas alterações para corrigir alguns erros que passaram. A Câmara não se furta a debater nenhum tema. Temos uma oportunidade grande neste momento com a titular da Susep, uma pessoa com grande influência junto ao ministro da Economia, Paulo Guedes. E isso convida a todos a revolucionar o mercado”.

Longevidade – João Alceu Amoroso Lima, presidente da FenaSaúde, destacou a importância da saúde suplementar, com R$ 80 bilhões em faturamento, e citou desafios a altura de um setor que representa, sozinho, quase 40% das estatísticas apresentadas pela CNseg. “Nossos desafios são os mesmos de todos os demais países no mundo: como financiar a saúde em tempos de longevidade. Viver mais é uma boa notícia, mas custa caro”.

Nos últimos quatro anos, 3 milhões de pessoas deixaram de contar com planos privados. A boa notícia é que esse número aponta para o crescimento, com 200 mil novos beneficiários tendo entrado no sistema recentemente, informou. Segundo ele, um dos principais objetivos da Federação Nacional de Saúde Suplementar é viabilizar a volta dos planos individuais, que sumiriam do mercado. Hoje eles representam menos e 20% do setor. É fundamental ampliar o leque de opções de coberturas para a população. Para isso, é preciso aprimorar a regulamentação. Outros desafios são o da Atenção Primaria, o combate às fraudes e também aos desperdícios. Por fim, fortalecer a ANS, trazendo mais estabilidade aos contratos na esfera judicial e a todos os agentes do sistema.”.

Leandro Fonseca da Silva, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mostrou que as aspirações da iniciativa privada são também as do órgão regulador. “Temos uma agenda desenvolvimentista. Nosso olhar está no estoque da regulamentação e, com boas práticas, revisitamos as normas que precisam de ajuste ou correções. O objetivo é reduzir fardos regulatórios para contribuir com a retomada do crescimento. Isso, porém, requer não só ações do regulador, como uma discussão com toda a sociedade sobre o financiamento para cuidar da saúde dentro do cenário de longevidade que temos pela frente.”

Jorge Nasser, presidente da Federação Nacional de Previdência Aberta (FenaPrevi), também tem desafios ligados à longevidade. As pessoas vivem mais e precisam se planejar para ter um futuro mais digno. “Estamos aqui para celebrar o diálogo e abrir espaço para o conhecimento, que se torna ainda mais prioritário com o avanço da reforma da Previdência no Senado. A agenda da FenaPrevi é extensa e temos pressa para resgatar os fundamentos da previdência privada, com aperfeiçoamento constante e com foco na inovação”, resumiu.

A poupança também é um tema na pauta de Marcelo Gonçalves Farinha, presidente da Federação Nacional das Empresas de Capitalização (FenaCap). Ele sinalizou o comprometimento das empresas associadas para o crescimento do segmento, que completa nesta data 90 anos da primeira emissão de um título de capitalização. “Nos últimos anos, essa reserva permitiu aos brasileiros transitar em momentos de dificuldades. Se por um lado temos desafios, por outro, temos a esperança renovada com a determinação de construir o futuro da capitalização”.

Corretores– Armando Vergílio, presidente da Fenacor, ressaltou a importância do corretor de seguros. “Os desafios se colocam diante de todos nós e estamos dispostos a empenhar nossa energia para que o setor siga em seu ciclo de crescimento e impulsione a sustentabilidade do Brasil”, afirmou. Em relação aos corretores, ele diz que possuem vários desafios. Alguns coincidentem com os do setor, como investimentos tecnológico e inovação. “Mas nós temos o desafio conceitual, que é vencer a incompreensão que ainda existe em relação ao nosso papel. Não somos simples vendedores ou intermediários. Somos consultores que agregamos valor, tanto para o cliente, como para a seguradora. O corretor é um moderador e garantidor de qualidade nesta relação”, concluiu.

Paralelamente à CONSEGURO 2019, acontecem, ainda, a 9ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros, o 6º Encontro Nacional de Atuários, o 13º Seminário Controles Internos & Compliance, Auditoria e Gestão de Riscos, e a Conferência de Sustentabilidade e Diversidade, também realizados pela CNseg.

>> Confira a apresentação do presidente da CNseg, Marcio Coriolano, feita durante a coletiva de imprensa