A gestão de recursos hospitalares é uma das peças mais importantes para uma operadora de saúde obter bons resultados financeiros e operar de forma sustentável.

Uma das funções da medicina preventiva é justamente ajudar os gestores a reduzir a demanda por estes recursos trabalhando com ações e programas de promoção da saúde.

Nesse processo, é fundamental saber identificar quais são os beneficiários que mais utilizam os serviços e recursos hospitalares oferecidos pela operadora.

Trabalhando com mais intensidade junto a esse público é possível reduzir essa demanda, controlando os custos assistenciais e proporcionando mais qualidade de vida a estas pessoas.

Um estudo publicado na 24a edição do boletim científico do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) faz um levantamento do perfil desses beneficiários que pode ser útil para ajudar você a atingir este objetivo na sua operadora.

Trata-se de um artigo de pesquisadoras da Universidade de Wollongong, na Austrália, realizado no sistema de saúde daquele país. Mas, como você verá a seguir, há muitas semelhanças entre o modelo brasileiro e o australiano.

Semelhanças entre a saúde no Brasil e na Austrália

O sistema de saúde dos dois países garantem acesso universal aos serviços e a adesão ao seguro de saúde privado é voluntária.

O governo australiano tem uma série de políticas para subsidiar estes seguros de saúde e encorajam a população a aderir a eles.

Além disso, as seguradoras de saúde privadas também são incentivadas a tomar iniciativas para gerenciar pacientes crônicos e a controlar a demanda por serviços ambulatoriais, com o objetivo de reduzir as internações e seus custos associados.

O que diz o estudo sobre recursos hospitalares

Um resumo do artigo foi publicado pelo IESS em português, com o seguinte título: “Examinando os beneficiários que mais usam os recursos hospitalares: implicações de um perfil desenvolvido a partir de dados de planos de saúde da Austrália”.

Mas você pode consultar a íntegra do estudo (em inglês) no site da universidade de Wollongong.

Basicamente, as pesquisadoras examinaram dados de 13 operadoras de saúde privadas entre 2009 e 2015. Nesse período, foram analisadas características demográficas, de admissão hospitalar e clínicas entre os usuários que mais utilizaram recursos hospitalares dentro dessa amostra.

Estes usuários foram divididos em três grupos:

  • os 1% que concentram o maior número de internações;
  • os 1% que concentram o maior tempo (em dias) de internação;
  • os 1% que concentram a maior parte dos benefícios pagos.

A idade é fator preponderante

Segundo os resultados da pesquisa, nos três critérios utilizados as médias de idade foram sempre superiores do que a população total do estudo. A proporção de indivíduos com 65 anos ou mais foi aproximadamente o dobro nos grupos selecionados.

Nas três amostras de beneficiários com alta utilização de recursos hospitalares, a proporção de idosos variou de 60% a 72% dos membros, enquanto que na população geral essa proporção foi de 32%.

Outras descobertas do estudo

Através do exame dos maiores usuários dos recursos de saúde, a pesquisadoras australianas constataram que o maior índice de internações se concentra em um pequeno número de usuários que procuram atendimento para uma gama restrita de condições.

Cinco categorias representam os diagnósticos principais para internações mais recorrentes em todas os grupos de alta utilização: saúde mental, diálise, reabilitação, farmacoterapia e neoplasias.

Entre os resultados, observou-se que os 1% de beneficiários com maior utilização representam 21,2% do total de dias de internação e os 1% de maior custo representam 13,3% dos custos totais.

Por isso, é importante produzir dados consistentes sobre seus beneficiários e monitorar constantemente sua situação de saúde. De preferência usando um sistema especializado em medicina preventiva para facilitar o trabalho.

Dessa forma, é possível entender melhor as mudanças demográficas, orientar e criar ações voltadas para a prevenção de doenças e a promoção da saúde coletiva.