Quando se fala em serviços de saúde, é fundamental levar em consideração a sua utilização. Como já alertamos, o excesso de procedimentos também faz mal ao paciente que é, muitas vezes, exposto à riscos desnecessários. Claro, esses exames são extremamente úteis à prática médica e essenciais para diversos diagnósticos. Contudo, também é um fato que muitos dos exames emitem radiação nociva e a prescrição deve ser avaliada caso a caso, como apontamos recentemente. O tema, inclusive, é alvo de campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Se não bastasse os perigos à saúde, a supertilização também onera todo o sistema e é um fator importante no cálculo da VCMH.

Exatamente pela importância em se falar e conscientizar sobre a questão é que divulgamos no trabalho “Tendências no uso de serviços de saúde médicos e odontológicos e a relação com nível educacional e posse de plano privado de saúde no Brasil, 1998-2013” na 23º edição do Boletim Científico. A pesquisa descreveu as tendências no uso dos serviços de saúde médicos e odontológicos e a relação com nível educacional, sexo, idade e posse de plano privado de saúde.

Segundo a pesquisa, houve aumento dos serviços tanto entre indivíduos com planos de saúde quanto os que não possuem. Contudo, verificou-se que o percentual de uso ainda foi maior em todos os anos para aqueles que estão na saúde suplementar. A utilização dos serviços médicos aumentou progressivamente, passando de 55,2% em 1998 para 71,3% em 2013 e, entre os exclusivamente odontológicos, saltou de 1% para 6,3%. O percentual de adultos que consultou dentista no último ano passou de 35,2% para 47%.

Diferentemente do uso de serviços médicos, as pessoas com maior idade tendem a utilizar menos os serviços odontológicos. A idade apresentou tendências inversas comparando o uso do serviço médico com o odontológico no período analisado.