Definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o atendimento que foca no sofrimento de pacientes que enfrentam doenças graves, o cuidado paliativo tem ganhado cada vez mais destaque nos sistemas de saúde em todo o mundo. Essa modalidade do serviço em saúde tem como fundamentos a comunicação e o cuidado, focando no respeito e na solidariedade para com o paciente e sua família de forma profissional e humanizada. A ampliação desse modo da assistência se faz cada vez mais necessária frente ao envelhecimento acelerado da população mundial e do avanço da incidência de doenças crônicas não transmissíveis.

Portanto, o paliativismo visa colocar em prática um conjunto de ações que buscam a qualidade de vida dos pacientes. Compreendido há algum tempo como o atendimento a ser dado somente no final da vida, esse cuidado envolve, hoje, algo muito mais abrangente: são ações que enxergam e cuidam do sofrimento do paciente e não só de sua morbidade. Isso constitui, obrigatoriamente, uma mudança de mentalidade de instituições, médicos, pacientes e familiares.

Foi com isso em mente que preparamos uma apresentação especial no seminário “Decisões na Saúde – Cuidados Paliativos e Nat-Jus: Iniciativas da Medicina e do Direito que geram segurança ao paciente e sustentabilidade ao sistema”. A palestra “Cuidados paliativos e dignidade humana na era da máxima tecnologia na saúde”, apresentada por Dr. Daniel Neves Forte, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos e um dos mais renomados pesquisadores do tema.

Para o especialista, paliativismo é o cuidado com o sofrimento. “Acabamos excluindo do nosso foco de atenção o sofrimento, que é algo essencialmente subjetivo e individual, não generalizável. Uma mesma doença pode gerar sofrimento diferente em diferentes pessoas. Mais ainda, toda redução de identidade é uma forma de violência. E assim, mesmo com a melhor das intenções, às vezes cometemos essa violência, olhando para a doença e não para o doente”, disse Neves em entrevista à revista IstoÉ.