O retorno do convívio social e o afrouxamento de medidas de proteção, como a redução do uso de máscaras, comportamentos observados após o crescimento da vacinação contra a covid-19, têm resultado no aumento de outras doenças respiratórias, como síndrome gripal, bronquite e bronquiolite. Segundo o InfoGripe, sistema de monitoramento da Fiocruz, em todo o país há sinais fortes de crescimento das notificações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todas as faixas etárias abaixo de 60 anos, especialmente entre pessoas com até 29 anos.

Segundo a Fiocruz, os casos de SRAG ainda estão majoritariamente relacionados a infecções por coronavírus (Sars-CoV-2), mas já é observado um crescimento dos casos de SRAG causados pelo vírus da gripe (influenza A). Entre o fim de outubro e o fim de dezembro, houve o aumento de 10% nas internações por causa da SRAG. O cenário alerta para a importância da manutenção de cuidados básicos como o uso de máscara, distanciamento social, lavagem adequada das mãos e, especialmente, da vacinação contra a gripe.

“Quando o contato social foi cerceado por causa do coronavírus, outras doenças pararam de circular também. Com o fim do isolamento, foi retomado o convívio, mas as pessoas não têm os anticorpos para as cepas dos vírus que surgiram no período”, afirma o médico Leonardo Carvalho, consultor da área médica da Qsaúde.

De acordo com Leonardo, os casos de bronquite e bronquiolite têm se mostrado os mais comuns neste período para crianças e adolescentes (até 18 anos). Já a gripe tem acometido especialmente adultos jovens. Os casos, por si só, podem não representar perigo imediato à saúde, mas chamam a atenção porque podem abrir caminho para infecções oportunistas, como as bacterianas. “Todas as doenças que são preveníveis e previsíveis, como as respiratórias, merecem cuidado redobrado para que não se transformem em casos mais graves.”

Em caso de sintomas respiratórios, o mais adequado é procurar avaliação médica para que seja definido qual o caso. Isso porque as doenças são muito parecidas. A bronquiolite, por exemplo, acomete especialmente crianças de até dois anos e é muito parecida com a gripe, mas gera um cansaço excessivo. Já a bronquite também é parecida com a gripe, mas pode ter sintomas mais intensos.

Leonardo indica estratégias que podem ajudar a diminuir a exposição a vírus respiratórios. Entre elas, as regras de etiqueta respiratória, que inclui o uso de máscara em ambientes aglomerados e sem ventilação adequada, além do uso de lenços para cobrir nariz e boca em caso de espirro ou tosse.

Para quem tem flexibilidade de horários, o ideal é verificar os índices de qualidade do ar para sair de casa apenas quando houver boas condições. No caso do estado de São Paulo, este monitoramento pode ser verificado no site da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

“Sair de casa uma hora antes ou depois do pico da poluição já ajuda muito a diminuir o risco de infecções respiratórias, especialmente para quem já tem histórico de quadros alérgicos”, diz o médico.

Manter as mãos higienizadas também é importante na prevenção dessas doenças, além de ingerir bastante líquido, manter ambientes arejados e lavar o nariz com soro fisiológico algumas vezes ao dia. “Se a gente tiver esse cuidado com a exposição ambiental, tanto o coronavírus quanto outros vírus podem parar de circular e evitar que essas doenças apareçam”, diz o médico.