Repensar a saúde, com um olhar mais voltado para a prevenção e a promoção, e menos foco sobre a doença. Essa é uma das premissas do cuidado integrado, modelo que tende a ocupar espaço relevante no futuro da medicina, trazendo transformações para o setor de saúde e benefícios como o acompanhamento próximo do paciente durante toda a sua jornada.

“É algo novo. É como se tivéssemos um gestor em nossas vidas, que nos orienta sobre as melhores escolhas na área de saúde e começa a atuar numa etapa em que ainda não há necessidade de medicar o indivíduo”, destacou o diretor do Sistema de Saúde Einstein, Dr. Eliézer Silva, durante participação no painel “Cuidado Integrado: O Olhar para a Prevenção”, que fez parte da programação do Summit Saúde & Bem-Estar 2022.

Com base nos pilares de prevenção, promoção e atenção primária, o cuidado integrado se apresenta como uma alternativa ao modelo mais comum na rede privada, que se centra na procura por médicos especialistas quando o indivíduo já apresenta alguma queixa. “O mais habitual, ainda hoje, é tratar das condições de saúde de forma reativa, quando o paciente busca um serviço para cuidar de um problema específico”, afirma Eliézer.

A líder da Comunidade de Saúde da Alice, Gabriela Brazão, que também participou do painel, observa que, no cuidado integrado, a pessoa é acompanhada e tratada de forma completa, considerando todos os aspectos que podem impactar a sua saúde. “Na maioria das vezes o paciente não sabe qual seria a alternativa adequada para tratar o seu quadro. Um exemplo disso é um paciente com sintomas de gastrite: no sistema tradicional, ele buscaria um gastroenterologista; no entanto, é preciso levar em conta que essa queixa pode estar relacionada a um contexto maior, como a saúde mental.”

Uma figura central no cuidado integrado é o médico de família – que é capacitado para entender os principais fatores condicionantes de saúde em todas as áreas da medicina. “Ele olha para o indivíduo e para onde ele está inserido”, afirma Eliézer, que, no entanto, ressalta a importância do engajamento do paciente e da sua confiança no sistema para prevenir ou mesmo identificar problemas de saúde de forma precoce.

“É possível termos bons resultados se entendermos o contexto e a demanda de cada indivíduo de forma personalizada”, completa Gabriela. Na jornada integrada, se o médico de família identificar a necessidade, esse paciente é encaminhado para especialistas e realizará exames específicos.

O modelo já é colocado em prática em programas como o desenvolvido pelo Einstein para os seus 20 mil colaboradores e os seus dependentes, formando uma comunidade de cerca de 40 mil pessoas com acesso ao cuidado integrado. “O modelo foi replicado e hoje é oferecido para outras empresas, por meio das Clínicas Einstein.”

Os efeitos positivos dessa alternativa são sentidos não só pelas pessoas, que tendem a adoecer menos, mas também pelo setor de saúde. “É um modelo que tem como objetivo combater o desperdício de recursos. Há dados da ANS que mostram que 40% dos exames solicitados são desnecessários. Sabemos que o caminho para entregar mais acesso à saúde para mais pessoas é reduzir o desperdício, fazendo um uso efetivo”, diz Gabriela.