Nos dias 29 e 30/11 foi realizada em São Paulo mais uma Sessão de Aprendizado Presencial (SAP) do Projeto Parto Adequado, desenvolvido pela ANS em parceria com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI). O evento contou com cerca de 450 profissionais de saúde e de operadoras de planos de assistência médica. O objetivo da SAP é promover a troca de experiências e estimular o aperfeiçoamento do plano de trabalho das operadoras e dos hospitais participantes do Parto Adequado.

“Queremos trazer as operadoras para o centro do Projeto, para que tenham uma participação mais efetiva ao lado dos hospitais, clínicas, médicos, enfermeiros e demais profissionais que acompanham o pré-natal, além, claro, das futuras mães. Uma das ações da ANS previstas para o ano que vem é a certificação de boas práticas em atenção primária à saúde, que também será aplicada às operadoras participantes do Projeto”, afirmou durante o evento o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar.

“Estamos redesenhando a participação das operadoras no Parto Adequado com base no modelo de melhoria que define a metodologia de implantação das mudanças necessárias para a redução de cesarianas no Brasil”, explicou a especialista da ANS coordenadora do Parto Adequado, Jacqueline Torres.

A gerente-executiva de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial da ANS, Ana Paula Cavalcante, apresentou o Relatório de Monitoramento das Operadoras (setembro/18) e explicou sobre os benefícios regulatórios concedidos às participantes do Projeto, entre eles pontuação no Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS). O especialista Felipe Riani falou aos presentes como se dará a participação das operadoras no Parto Adequado em 2019, e sobre as novas bases para projetos-piloto.

Na ocasião, a ANS lançou a campanha “A hora do bebê: Pelo direito de nascer no tempo certo”, um alerta contra a tendência de antecipação de cesarianas nos finais de ano, em razão das festas de Natal e Ano Novo. Dados da ANS sobre partos realizados por beneficiárias de planos de saúde revelam que há redução de cesarianas no final de dezembro e aumento no período anterior ao Natal. Em 2017, a média de cesarianas na semana de 24 a 31 de dezembro foi 20% menor do que a média semanal do ano, enquanto a média entre 16 e 23 de dezembro foi 9% maior do que a média anual. Em 2016, houve diminuição de aproximadamente 40% no número de cesáreas realizadas no período de 24 a 31 de dezembro, comparado com a média semanal de cesarianas.

“A proposta da campanha é ressaltar às gestantes e aos profissionais de saúde que o bebê tem seu tempo e que as fases da gestação devem ser respeitadas, portanto, o parto não deve ser antecipado”, acrescentou Jacqueline Torres.

Sobre o Projeto Parto Adequado

O Projeto Parto Adequado foi iniciado em 2015 com o objetivo de incentivar o parto normal e conscientizar as futuras mães e toda a rede de atenção obstétrica sobre os riscos da realização de cesáreas sem indicação clínica.

A proposta é oferecer às mulheres e aos bebês o cuidado certo, na hora certa, ao longo da gestação, durante todo o trabalho de parto e pós-parto, considerando a estrutura e o preparo da equipe multiprofissional, a medicina baseada em evidências e as condições socioculturais e afetivas da gestante e da família.

Participam da atual Fase 2 do Projeto 137 hospitais privados, 25 hospitais públicos, 65 operadoras de planos de saúde e 73 hospitais parceiros. Os objetivos desta fase são aumentar o percentual de partos vaginais na população alvo, chegando a 40% para hospitais que aderiram ao Projeto na Fase 2 e 60% para os pioneiros, e aprimorar as condutas dos hospitais e profissionais participantes.

Na Fase 1, também denominada “piloto”, o Parto Adequado contou com a adesão de 35 hospitais e 19 operadoras de planos de saúde. Ao longo de 18 meses, foram alcançados resultados transformacionais: os hospitais participantes protagonizaram a criação de um novo modelo de assistência materno-infantil para o Brasil e evitaram a realização de 10 mil cesarianas desnecessárias.

Estudos científicos apontam que bebês nascidos de cesarianas são internados em UTI neonatal com mais frequência, e quando não há indicação clínica a cesariana pode aumentar o risco de morte da mãe e as chances de complicações respiratórias para o recém-nascido. Isto porque se o parto for realizado antes das 39 semanas de gestação, o nascimento pode ocorrer sem a completa maturação pulmonar do bebê.