Apesar das manifestações contrárias à indicação de Rogério Scarabel Barbosa para o cargo de diretor na Agência Nacional de Saúde Suplementar, foi agendada para o dia 23/05, a sabatina na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), do Senado. Às vésperas da reunião da CAS, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, chamou atenção para a necessidade de se rever o papel das agências reguladoras:

As agências reguladoras não são do governo A, B ou C. Se for assim, não precisamos de agência, é melhor fechá-las. Está certo que as agência não se envolvam nas questões menores. Mas elas foram criadas para proteção do consumidor e, hoje, o que fazem é proteger o fornecedor.

No dia 21/05, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), e outras dez entidades, entre elas a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a ACT Promoção de Saúde, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e a Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABRES), lançaram um manifesto pedindo que a CAS rejeite a indicação de Scarabel Barbosa. No dia 20 de abril, Idec e Abrasco haviam encaminhado uma carta à Comissão de Ética Pública da Presidência da República pedindo que fosse aberta uma averiguação sobre os antecedentes profissionais de Scarabel Barbosa.

As entidades pedem ainda a substituição de outro indicado, Davidson Tolentino de Almeida, por envolvimento em suposto esquema de corrupção e por não apresentar expertise necessária ao exercício do cargo. As indicações para as duas diretorias da ANS foram feitas pela Presidência da República em 17 de abril e já haviam sido contestadas pelo Idec e pela Abrasco, em cartas enviadas à Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

No manifesto enviado aos senadores, as 11 entidades apontam que Scarabel Barbosa atuou como advogado de empresas do setor que deverá fiscalizar, o que denota potencial conflito de interesse em sua atuação. O indicado é associado do escritório Imaculada Gordiano Sociedade de Advogados, localizado em Fortaleza (CE), na área Hospitalar. Segundo material de divulgação do escritório, consta a informação de que atuam representando interesses de empresas perante a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Contra Davidson Tolentino de Almeida pesa a informação de que ele foi citado em investigação da Lava-Jato, que apura um esquema de corrupção, arrecadação e estocagem de dinheiro ilícito, segundo reportagem veiculada pelo Jornal Nacional. A matéria foi baseada em depoimentos à Polícia Federal de José Expedito Rodrigues Almeida, ex-assessor do senador Ciro Nogueira (PP) e do deputado Eduardo da Fonte (PP). Ainda de acordo com as entidades, o histórico profissional de Tolentino de Almeida demonstra que ele não tem experiência ou formação na área da saúde, de seguros ou de planos de saúde. Em suas funções anteriores não há pertinência temática com o cargo, e, segundo consta do relatório, sua experiência no Ministério da Saúde não chegou a dois anos. Ou seja, o indicado não preenche os requisitos do art. 5º da lei nº 9.986/2000, que exige reputação ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade do cargo.

Presidente do Conselho Diretor do Idec, Marilena Lazzarini afirma que haverá riscos e prejuízos aos interesses coletivos e da população se forem mantidas indicações de nomes inadequados para essas duas diretorias da ANS, agência que tem a responsabilidade de regular e fiscalizar a atuação dos planos e seguros de saúde que atendem 47,4 milhões de brasileiros.