O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso homologou o acordo de delação premiada do fundador e ex-presidente do grupo Qualicorp, José Seripieri Filho, assinado com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Na sua delação, Júnior, como é conhecido, relata esquema de corrupção envolvendo planos de saúde, como benefícios ao setor obtidos no Congresso Nacional, além de pagamentos de vantagens ilícitas a políticos.
Em seu acordo, Seripieri aceitou pagar R$ 200 milhões de ressarcimento aos cofres públicos pelos crimes cometidos.
Com a homologação, a PGR poderá solicitar aberturas de inquéritos e dar início às investigações a partir das informações fornecidas pelo empresário.
No acordo, Seripieri relata que mantinha relação de proximidade com políticos de diversos partidos, como PT e PSDB, e que fez pagamentos via caixa dois a diversos deles. O empresário também apresenta detalhes sobre uma medida provisória aprovada no Congresso que beneficiou empresas do setor.
Ele era um poderoso empresário nos bastidores da política nacional durante os governos petistas. Emprestava aeronaves para políticos, participava de eventos sociais e frequentava a suas residências. Mantinha trânsito tanto com petistas como com tucanos.
Em julho deste ano, ele foi preso pela Polícia Federal em uma fase da Lava-Jato Eleitoral. Depois de três noites atrás das grades, foi solto e decidiu buscar as autoridades para fechar um acordo de delação premiada.
Seu acordo deve abrir uma nova frente na Lava-Jato sobre casos de corrupção envolvendo planos de saúde, setor que apareceu pontualmente em algumas investigações e delações, mas nunca chegou a ser alvo de acusações formais. O GLOBO revelou na semana passada que a Polícia Federal investiga a Amil, uma das gigantes do setor, pela suposta compra de medidas provisórias no Congresso.
Um fato que pesou para Júnior buscar um acordo de colaboração com a PGR foi a delação feita por seu ex-sócio Elon Gomes de Almeida, que comandou um braço da Qualicorp. A delação de Elon, feita na Justiça Eleitoral de São Paulo, serviu como base para a operação da PF que prendeu Júnior.