A Hapvida (HAPV3) passou de dois para quatro conselheiros independentes, um processo que estava previsto para acontecer em fevereiro do ano que vem, mas que é antecipado em meio à aceleração da combinação do negócio com os do Grupo NotreDame Intermédica (GNDI), após a fusão em janeiro do ano passado.

Foram eleitos Niccola Calicchio Neto, Carlo Piani e José Luis Camargo para ocupar três cadeiras, uma delas deixada por Plinio Musetti. O quarto conselheiro independente é Maria Paula Soares Aranha. No total, o conselho de administração da Hapvida é composto por nove membros, tendo Cândido Pinheiro Koren de Lima, como presidente.

“Estamos nesse processo de fusão e sinergia com a GNDI e conseguimos antecipar algumas etapas. Nesse sentido, começamos a ter necessidade de um conselho mais robusto”, disse o diretor vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores da Hapvida, Mauricio Teixeira, ao Broadcast.

Os três novos conselheiros têm ampla experiência em processos de fusão de empresas, melhores práticas e governança. Calicchio Neto esteve por 30 anos como sócio da consultoria McKinsey e nos últimos três atuou como Chief Strategy Officer do Softbank Group International.

Piani é atualmente sócio da HPX Capital Partners e conselheiro da Equatorial Energia SA e Ambipar Participações e Empreendimentos SA. Anteriormente, foi CEO da HPX Corp e chefe global da equipe de iniciativas estratégicas e fusões e aquisições da Kraft Heinz (2019).

Camargo é fellow na Harvard University, Advanced Leadership Initiative, onde desenvolve pesquisa nas áreas de impacto social, meio ambiente e governança (ESG). Foi um dos sócios fundadores de Madrona Advogados, tendo liderado mais de uma centena de operações de M&A e joint ventures em diversos setores da economia, notadamente no setor de serviços de saúde.

De acordo com Teixeira, a grande prioridade do ano da Hapvida é a integração com a GNDI e dada as condições adversas do mercado de saúde e busca por eficiência, a companhia chegou a um patamar, após a aceleração das sinergias já feitas, em que é preciso agregar outras habilidades e expertises.

A venda da subsidiária São Francisco Resgate por R$ 150 milhões faz parte do processo de desalavancagem da companhia, mas não é “tão relevante”, segundo Teixeira. Ele argumentou que o objetivo da venda é fazer com que a empresa concentre o capital no seu core business (planos de saúde).

Com isso em mente, a Hapvida está tentando se desfazer também da healthtech Maida, para a qual já recebeu propostas. “Temos alguns interessados, mas nada fechado”, disse o CFO, que garantiu que a operadora não pretende se desfazer de outras subsidiárias.

Foco em planos fechados e encerramento de contratos

Como estratégia para controle da sinistralidade de suas carteiras, a Hapvida está focando na venda de “planos fechados”, os chamados HMO, que oferecem acesso aos serviços dentro da rede verticalizada da companhia, deixando como complementares os produtos os PPO, produtos “abertos”, que oferecem acesso a outros provedores.

A operadora pode inclusive descontinuar contratos corporativos PPO cuja sinistralidade chegue próxima aos 100% e que estejam dando prejuízo. Segundo Teixeira, não são muitos os contratos nessa situação. “São poucos, mas que ofendem o resultado”, disse.

Em busca de uma otimização do portfólio, e para alcançar patamares mais saudáveis de sinistralidade, a Hapvida irá propor reajustes, mas se não forem aceitos, a empresa não disse que não irá segurar os contratos. “Não temos apego, vamos ficar tranquilos de perder esses contratos”, afirmou.