Eduardo e Fernando Parrillo alegaram que estão em compromisso no Rio de Janeiro. Eles já haviam faltado nas duas sessões anteriores com a justificativa de que estavam gripados ou em viagem de negócios. Reunião desta quinta (17) foi a última da comissão, que a partir de agora abre prazo de 15 dias para elaboração, leitura e votação do relatório final.

Os donos da operadora de saúde Prevent Senior, Eduardo e Fernando Parrillo, não compareceram pela terceira vez à CPI que investiga a operadora de saúde na Câmara Municipal de São Paulo nesta quinta-feira (17). Eles já haviam faltado à sessão nas duas semanas, quando alegaram que estavam gripados ou com compromissos fora da cidade.

Na sessão desta quinta (17), eles novamente alegaram compromissos no Rio de Janeiro para não comparecerem ao depoimento marcado pelos vereadores paulistanos.

Depois de duas faltas seguidas, os irmãos Parrillo haviam sido convidados pela terceira vez a comparecer à Câmara.

O presidente da CPI, vereador Antonio Donato (PT), lamentou a terceira ausência seguida dos dois e disse que a comissão não vai conseguir ouvir os donos da operadora após a nova falta.

A reunião desta quinta (17) foi a última da comissão, que a partir de agora abre prazo de 15 dias para elaboração, leitura e votação do relatório final dos trabalhos.

“Acho um desrespeito com a CPI e, sobretudo, com os associados da Prevent Senior, que mereciam que os proprietários da operadora pudessem fazer os esclarecimentos que essa CPI requer. Mas infelizmente não é essa a compreensão deles. Hoje é nossa última sessão de oitivas e, infelizmente, não teremos como ouvir os proprietários da Prevent Senior”, disse Donato.

Falhas na Prevent Senior

Nessa última sessão de oitivas, a CPI ouviu a diretora-técnica da Agência Nacional de Saúde (ANS), Daniela Kinoshita Ota.

No depoimento, Kinoshita disse que investigações da agência encontraram diversas falhas na atuação das comissões de ética médica, revisão de óbitos e prontuários nos hospitais da Prevent Senior.

“Em linhas gerais, a gente tem as questões relacionadas às comissões, que ficou pontuado que houve falha na atuação das comissões [dentro da empresa] e eles precisariam revisar isso. Comissão de Ética Médica, de revisão de prontuários e revisão de óbitos. Ficou um apontamento em relação os protocolos que eles tinham, para que formalizassem todos e inserissem no sistema que eles têm de gestão de documentos. Porque, no protocolo de manejo, muito foi feito num powerpoint e distribuído. Então, as evidências internas, inclusive de rastreabilidade, ficaram fragilizadas”, disse a diretora da ANS.

“A gente documentou para que o sistema interno seja usado para gestão de documentos. Quem acessou, que dia que elaborou, que validou o documento, para ter todas as informações rastreáveis”, completou.

Em relação aos óbitos dentro dos hospitais da operadora, Kinoshita afirmou que as comissões de cada hospital não se reuniam periodicamente para fazer as revisões necessárias, como manda a legislação.

“Cada unidade hospitalar tem a sua comissão de revisão. Eles não tinham um cronograma a seguir e se reunião de forma quando eles precisavam. Eles não revisavam todos os óbitos que estavam acontecendo, não tinham o registro disso. E as ações de melhoria eu não consegui ver. Não dava pra saber que melhoria foi feita dentro da instituição”, declarou a diretora da ANS.

Duas semanas atrás, três diretores da Prevent Senior confirmaram à CPI que houve prescrição de medicamentos na rede do chamado “kit Covid”, mas afirmaram que os médicos tinham autonomia para indicar os remédios aos pacientes.

Volta do recesso

Após o recesso parlamentar, a CPI da Prevent Senior na Câmara Municipal de São Paulo retomou os trabalhos de 2022 no dia 10 de fevereiro, com os depoimentos de familiares de pacientes e ex-funcionários da operadora. Antes dessa, a última sessão havia sido realizada no dia 16 de dezembro.

O primeiro depoimento foi de Geane Dumont Costa, ex-enfermeira da Prevent, que deixou a empresa antes mesmo da pandemia. Ela abordou questões trabalhistas com a empresa, que também devem ser investigadas pelo Ministério Público.

Em seguida, o depoimento foi de Sandra Aparecida Rodrigues Santos, esposa de Luís Carlos Oliveira Santos, usuário da Prevent Senior que morreu em julho do ano passado. Segundo ela, Luís foi internado apenas na quarta vez em que procurou o hospital. Nas três anteriores, os médicos o mandaram de volta para casa mesmo com a saturação abaixo de 90, o que é considerada crítica pelos especialistas.

Além disso, os profissionais de saúde da operadora, desde a primeira visita, receitaram o Kit Covid, o que foi negado pela família por saber que os remédios eram ineficazes contra a doença.

Investigações contra a operadora

As investigações nas áreas trabalhista e criminal envolvendo as denúncias da operadora de saúde Prevent Senior e mortes durante a pandemia de Covid-19 dependem de novos depoimentos de médicos e funcionários, além da elaboração de laudos por peritos e entrega de documentos de diferentes órgãos para andamento e conclusão em 2022.

A Prevent Senior é investigada por usar de forma experimental, ilegal e sem conhecimento dos pacientes medicamentos do chamado “kit Covid”.

A operadora também é alvo de inquéritos do Ministério Público do Trabalho por suspeita de assédio moral organizacional e exposição de profissionais ao coronavírus. Procuradores também apuram a prática de “pejotização” de médicos e denúncia de assédio sexual.

Na esfera criminal, há duas frentes de investigação abertas pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Civil. Elas têm colaborado mutuamente com troca de informações e até coleta conjunta de depoimentos. Nessas apurações, dirigentes e médicos da rede de planos de saúde são suspeitos de terem cometido três crimes contra pacientes: homicídio, falsidade ideológica e omissão de notificação de doença obrigatória às autoridades.