O Senado recorreu, nesta quinta-feira (31/8), da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ADI 7.222 que estabeleceu regras para o pagamento do piso da enfermagem e pediu a aplicação plena e imediata da Lei 14.434/2022.

A Casa Legislativa indicou, em nove pontos, contradições, omissões e obscuridades que no seu entendimento maculam a decisão, desde a falta de maioria em relação à tese vencedora até o desrespeito à decisão do Congresso.

De acordo com o Senado, a solução adotada pelo STF de dividir as normas e determinar como e quando cada uma das regras será aplicada “caracteriza verdadeira atividade legislativa por parte do Poder Judiciário”.

Todos os debates no Congresso, afirmou, contaram com a participação dos atores envolvidos, seja dos estados e dos municípios, seja dos trabalhadores, seja das entidades privadas do setor, e culminaram na melhor solução possível.

A Casa disse até mesmo que os argumentos trazidos pela Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), que propôs a ADI 7.222, foram considerados no processo legislativo e não prevaleceram na decisão política final do Congresso Nacional.

“O Poder Judiciário não pode ser utilizado como instância de revisão de decisões políticas pelos vencidos no debate político-legislativo, especialmente quando a interferência da Corte não tutela direitos fundamentais, mas acolhe argumentos consequencialistas já avaliados e ponderados”, escreveu.

O Senado afirmou que, embora a norma tenha sido amplamente discutida, a decisão alterou o conteúdo e os objetivos dela, criando condicionantes que não foram estabelecidas pelo Poder Legislativo.

Além disso, focou em questões econômicas, ignorando por completo que a norma atacada — de estatura constitucional — viabiliza direitos sociais fundamentais dos profissionais de enfermagem, completou.

No início do mês, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já havia sinalizado que entraria um recurso no STF para questionar a decisão sobre o piso da enfermagem.